Deputados discutem lei para empresas de fronteira: isenções, redução de IVA e alívio cambial.
A Comissão de Finanças da Câmara está discutindo uma lei fundamental para áreas de fronteira: benefícios fiscais, redução de IVA e contribuições patronais para aliviar o impacto do dólar argentino e do real brasileiro sobre os negócios uruguaios.
A medida visa fortalecer os pequenos comerciantes de fronteira afetados pela mudança.
A Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados se reuniu nesta quarta-feira para apresentar um projeto de lei que busca solucionar um problema que permanece sem solução há anos: o impacto da diferença cambial nas áreas de fronteira com a Argentina e o Brasil. O projeto, de autoria do Poder Executivo, foi bem recebido pelos parlamentares e visa aliviar o impacto das pequenas e médias empresas localizadas a até 20 quilômetros de distância das fronteiras.
A presidente da comissão, Julieta Sierra, enfatizou que este é "um sinal histórico" do governo liderado por Yamandú Orsi. "Pela primeira vez, está sendo proposto um pacote de medidas que reconhece o que os departamentos costeiros e do norte vivenciam diariamente", afirmou.
Entre os pontos-chave do projeto está a criação de um regime aduaneiro especial para determinados produtos, além de uma série de benefícios fiscais que visam fomentar o emprego formal e desafogar a carga tributária dos pequenos negócios.
Um dos destaques é a isenção de 75% das contribuições previdenciárias dos empregadores para novos empregos. A medida busca incentivar a contratação formal em áreas onde, como a própria Sierra admitiu, "o emprego informal é extremamente alto".
Mas não se trata apenas de alívio para as empresas. Há também benefícios para os consumidores. Por exemplo, está prevista uma redução do IVA em muitos produtos de consumo diário. Segundo a comissão, isso permitirá que os varejistas reduzam os preços e concorram melhor com os produtos argentinos e brasileiros.
É claro que a regra tem limites. Ela não se aplica a todas as compras ou a todos os produtos. O esquema foi criado para compras do dia a dia, como alimentos, produtos de higiene ou utensílios domésticos. Foram estabelecidos um limite de 2.000 unidades indexadas por transação (cerca de US$ 13.000) e um máximo mensal de 10.000 UI por pessoa (cerca de US$ 63.600).
Além disso, o benefício está disponível apenas para lojas de varejo localizadas a até 20 quilômetros de uma passagem de fronteira. Para acessar o desconto, as compras devem ser feitas com cartão de débito ou por meio de meios eletrônicos de pagamento, como aplicativos bancários ou redes de cobrança. O desconto não se aplica a pagamentos com cartão de crédito.
Em última análise, esta é uma lei que busca abordar uma realidade específica: empresas em Artigas, Rivera, Salto, Paysandú e Río Branco — entre outras — vêm sofrendo há muito tempo devido às diferenças de preços. E com este projeto de lei, o Estado está tentando nivelar um pouco o campo de atuação.
Embora o texto ainda não tenha passado pelo Plenário e sido aprovado em plenário, as expectativas nos departamentos de fronteira são altas. Muitos veem esta lei como uma primeira — ainda que tardia — resposta a uma competição desigual há anos.