MADRI, 17 (EUROPA PRESS)
Uma equipe da Universidade do Texas em Austin e da Universidade de Massachusetts (Estados Unidos) descobriu que pessoas que se voluntariam regularmente ou ajudam informalmente vizinhos, familiares ou amigos observam um atraso no declínio cognitivo relacionado à idade.
O estudo, publicado na revista Social Science & Medicine, analisou mais de 30.000 adultos nos EUA e confirmou que, entre aqueles que realizaram esses tipos de atividades de serviço comunitário, a taxa de declínio cognitivo associado ao envelhecimento foi reduzida em 15% a 20%. O benefício foi maior entre aqueles que dedicaram de duas a quatro horas por semana para ajudar os outros.
"O que me chamou a atenção foi que os benefícios cognitivos de ajudar os outros não foram apenas melhorias de curto prazo, mas acumulados ao longo do tempo com a participação sustentada, e esses benefícios foram evidentes tanto no voluntariado formal quanto na ajuda informal. Além disso, a participação moderada de apenas duas a quatro horas foi consistentemente associada a benefícios significativos", disse Sae Hwang Han, professor assistente de desenvolvimento humano e ciências da família na UT, que liderou o estudo.
A pesquisa é inovadora porque é uma das primeiras a analisar tanto o voluntariado formal quanto outras assistências diárias disponíveis, que podem incluir ações como acompanhar um familiar a uma consulta médica, cuidar dos filhos de um amigo ou cortar a grama de um vizinho.
"Às vezes, presume-se que o voluntariado informal oferece menos benefícios à saúde devido à falta de reconhecimento social", observou Han. Mas, na verdade, "foi uma agradável surpresa descobrir que ele proporciona benefícios cognitivos comparáveis aos do voluntariado formal", enfatizou.
Para o estudo, os autores utilizaram dados longitudinais da população dos EUA, que revelaram que o declínio cognitivo relacionado à idade diminuiu à medida que as pessoas iniciavam e mantinham comportamentos de ajuda. Com base nessas descobertas, eles sugerem que melhorias cerebrais maiores podem ocorrer naqueles que incorporam comportamentos de ajuda à sua rotina, ano após ano.
Pelo contrário, os dados mostraram que aqueles que pararam completamente de receber esses apoios tiveram seu declínio cognitivo afetado negativamente. "Isso sugere a importância de os idosos participarem de alguma forma de apoio pelo maior tempo possível, com apoios e adaptações adequados", afirmou Han.
BENEFÍCIOS CONTRA O ESTRESSE
Outro estudo recente, também liderado por Han, descobriu que o voluntariado atenuou os efeitos adversos do estresse crônico na inflamação sistêmica, uma via biológica conhecida por estar ligada ao declínio cognitivo e à demência. O efeito foi especialmente pronunciado em pessoas com níveis mais elevados de inflamação.
Em conjunto, os resultados de ambos os estudos sugerem que o voluntariado e a ajuda ao próximo podem melhorar a saúde do cérebro, seja reduzindo o estresse fisiológico associado ao estresse ou fortalecendo as conexões sociais que proporcionam benefícios psicológicos, emocionais e cognitivos.
No contexto de uma sociedade envelhecida e de preocupações crescentes com a solidão e o isolamento, as descobertas também fornecem uma base importante para continuar a envolver as pessoas nesses tipos de atividades, mesmo após o declínio cognitivo ter se instalado.