Rodrigo Paz Pereira: Do exílio ao favorito nas eleições presidenciais da Bolívia

por 18 de agosto de 2025

A revelação eleitoral que abala a Bolívia

Quando se esperava uma eleição previsível, o resultado surpreendeu a todos. Rodrigo Paz Pereira, economista de 57 anos, ex-prefeito, ex-deputado e atual senador, desafiou todas as previsões e emergiu como o grande favorito nas eleições gerais da Bolívia. Com mais de 30% dos votos válidos na contagem rápida, ele superou o experiente Jorge "Tuto" Quiroga e desbancou a esquerda, que dominava o cenário político há duas décadas.

A ascensão de Paz não foi coincidência. Por trás dessa vitória, esconde-se uma vida marcada pelo exílio, uma carreira política construída passo a passo e uma campanha austera, porém eficaz, baseada na proximidade e na promessa de um Estado que trabalha para o povo.

Uma vida forjada no exílio e no compromisso público

Rodrigo Paz Pereira nasceu em Santiago de Compostela em 1967, fruto do exílio de seus pais, Carmen Pereira, da Espanha, e do ex-presidente boliviano Jaime Paz Zamora. A perseguição política da ditadura obrigou sua família a viajar para diferentes países, o que moldou sua visão de mundo e seu compromisso com a democracia.

Economista de formação e com estudos em relações internacionais, Paz consolidou sua carreira na administração pública. Foi deputado, vereador e prefeito de Tarija entre 2015 e 2020, e atualmente é senador pelo partido de oposição Comunidade Cidadã. Sua experiência o diferencia de outros candidatos e explica, em parte, seu apelo junto ao eleitorado, cansado de promessas vazias e da instabilidade que tem caracterizado a Bolívia nos últimos anos.

A modesta campanha que desafiou os favoritos

Apesar de seu extenso currículo, Rodrigo Paz não estava entre os favoritos nas pesquisas eleitorais. Sua campanha foi modesta, com recursos limitados em comparação com as de Jorge Quiroga e Samuel Doria Medina. No entanto, sua estratégia era clara: acessibilidade, honestidade e propostas concretas.

Paz concentrou-se em atender às reais necessidades da população. Prometeu acabar com o "Estado estagnado", aquela máquina burocrática que impede o desenvolvimento e consome recursos. Propôs acabar com os gastos públicos supérfluos e prometeu "mão firme" contra a corrupção, uma antiga reivindicação da população.

Seu companheiro de chapa, Edman Lara, é outra figura que atraiu atenção. Ex-capitão da polícia, Lara tornou-se conhecido por expor casos de corrupção dentro da própria instituição, ganhando popularidade nas redes sociais. Seu perfil complementava a imagem de Paz como um candidato fora da política tradicional.

Da surpresa eleitoral ao desafio do segundo turno

O resultado do primeiro turno foi avassalador. Rodrigo Paz não só conquistou o primeiro lugar na contagem rápida, como também desbancou a esquerda, que foi eliminada do segundo turno após 20 anos de destaque. O segundo turno o colocará contra Tuto Quiroga, ex-presidente e representante da coalizão "Alianza Libre", que obteve 27% dos votos.

A chave agora será a capacidade de Paz Pereira de construir consenso. Sua experiência como deputado e prefeito o apoia, mas o desafio é enorme: transformar esperança em governabilidade. "Capi Lara" ficaria encarregado de presidir a Assembleia Legislativa caso a dupla vença no segundo turno, um passo fundamental para avançar com as reformas prometidas.

Valores familiares e visão de país

Paz Pereira não esconde a influência que sua família teve em sua vida e carreira política. Ele se define como "um homem que tem duas alegrias enormes: amar seu país e amar sua família". Essa visão se reflete em seu discurso, onde enfatiza a necessidade de unir os bolivianos em torno dos valores cristãos e da construção de um amplo consenso nacional.

O candidato insiste que a estabilidade só será possível com a eliminação do Estado, a racionalização dos gastos e a implementação de uma reforma judicial genuína. O combate à corrupção é outro pilar central de sua plataforma.

Um novo ciclo político para a Bolívia?

A ascensão de Rodrigo Paz como figura dominante nas eleições marca um ponto de inflexão na política boliviana. Seu perfil combina experiência, sensibilidade social e uma história pessoal que repercute em amplos setores da população. Se ele conseguir transformar o apoio obtido em votos no segundo turno, a Bolívia poderá iniciar uma nova era, com uma agenda focada na eficiência do Estado, na transparência e na restauração da confiança nas instituições.

O futuro político do país está em jogo, e os cidadãos têm a palavra final.


Você acha que Rodrigo Paz conseguirá promover a mudança que a Bolívia precisa, ou o sistema político acabará sufocando suas propostas? Deixe seu comentário.

Não perca