sindicato da Guarda Republicana pediu a renúncia do ministro do Interior, Carlos Negro, após o ataque à promotora Mónica Ferrero em sua casa na manhã de domingo.
Em nota divulgada na mesma noite, o sindicato sustentou que o ataque não só colocou em risco a vida da promotora, mas também a dos policiais designados para sua guarda. Segundo o sindicato, esses policiais trabalham em uma guarita estática, sem nenhuma garantia real de proteção.
"O serviço não conduziu investigações adequadas, o que deixou tanto o promotor quanto os policiais expostos", afirmou o sindicato. Eles também observaram que, sob a atual administração, já foram relatados ataques contra policiais em vias públicas
Por isso, a organização pediu "a renúncia imediata do Ministro do Interior". O texto alerta que sua presença contínua "é um risco para todos, pois ele não tem acesso aos seus funcionários e não tem determinação contra o crime".
Segurança questionada após renúncia do ministro do Interior
A declaração do sindicato enfatizou a segurança dos promotores e as condições de trabalho dos policiais, que consideram inadequadas diante das ameaças do crime organizado. Para os trabalhadores, o ataque busca "colocar o Estado de joelhos e semear o medo na sociedade".
A reivindicação do sindicato da Guarda Republicana surge em meio a crescentes tensões entre o Ministério do Interior e as forças policiais. Nos últimos anos, os sindicatos têm alertado sobre as condições de trabalho que consideram precárias, com jornadas prolongadas, falta de recursos logísticos e proteção limitada para aqueles que estão sob custódia das autoridades judiciais.
Segundo o sindicato, o ataque à casa da promotora expôs falhas no planejamento operacional e na coordenação dos serviços de segurança. A organização afirmou que os policiais designados para essa tarefa estão em situação vulnerável, o que aumenta os riscos para eles e para a própria promotora.
Por outro lado, líderes sindicais sustentaram que a permanência do Ministro Negro no cargo não oferece garantias de reversão dessa situação. Ressaltaram que, desde sua posse, houve episódios de violência que afetaram diretamente policiais no exercício de suas funções. Entre eles, mencionaram ataques em vias públicas, incidentes ocorridos durante eventos de massa e, agora, o ataque a um representante do sistema de justiça.
Debate político e social sobre a demissão do Ministro do Interior
A crítica do sindicato também incluiu uma análise da atual estratégia de segurança. "Se as operações não considerarem a magnitude do risco, não apenas os promotores estarão expostos, mas também os policiais que estão na linha de frente", afirmaram no comunicado. Na visão deles, o crime organizado busca enviar uma mensagem clara: ninguém, nem mesmo os responsáveis por sua investigação, está seguro.
Nesse contexto, o pedido de renúncia do Ministro do Interior não representa apenas um desafio político, mas também uma reivindicação por melhores condições de trabalho e segurança para os policiais. Para muitos trabalhadores, este é um ponto de ruptura que reflete a necessidade de uma mudança na liderança ministerial.
O incidente gerou repercussões nas esferas política e judicial. Diversos atores do sistema de justiça criminal expressaram preocupação com a falta de salvaguardas para o exercício de suas funções. Houve também pedidos por maior proteção para juízes e promotores, especialmente aqueles envolvidos em investigações de redes criminosas.
Além disso, o caso desencadeou um debate público sobre o alcance das medidas de segurança nos bairros de Montevidéu mais afetados pela violência. Moradores da região de Casabó, onde ocorreu o ataque, lembraram que, nos últimos meses, houve incidentes de tiroteios e confrontos entre grupos criminosos. Para eles, a presença policial é insuficiente e, muitas vezes, reativa diante de fatos consumados.
A discussão sobre a do Interior também está sendo encaminhada ao Parlamento. Alguns parlamentares da oposição anunciaram que solicitarão que o Ministro Negro compareça ao tribunal para explicar o ocorrido e detalhar as medidas que serão tomadas para evitar novos ataques.
Enquanto isso, o sindicato da Guarda Republicana anunciou que continuará com os protestos e não descarta outras medidas de pressão caso não receba resposta. "Nosso objetivo não é político ou partidário; é a defesa da vida dos trabalhadores e da sociedade", enfatizaram.
Este novo episódio coloca mais uma vez a segurança pública em primeiro plano no Uruguai , uma questão que permeia tanto a agenda política quanto o cotidiano da população. Para muitas famílias, a discussão sobre como lidar com a criminalidade se reflete na preocupação diária de chegar em casa em segurança depois do trabalho, esperar o ônibus sem medo ou simplesmente poder aproveitar um passeio em família sem problemas.