Enquanto a lei da eutanásia aguarda votação no Senado — ela já conta com aprovação preliminar na Câmara dos Deputados e apoio da maioria —, o Ministério da Saúde Pública (MSP) trabalha com a Presidência da República para finalizar a regulamentação da Lei 20.179, de cuidados paliativos.
Segundo um rascunho obtido pelo El País , todos os prestadores de saúde, tanto públicos como privados, devem garantir cuidados paliativos, incluindo a formação de equipes específicas dentro de cada instituição.
O documento estabelece quatro obrigações para os prestadores que compõem o Sistema Nacional Integrado de Saúde (SNIS):
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Disseminar o direito aos cuidados paliativos a todos os usuários.
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Garantir informações claras e visíveis nos pontos de atendimento, sites e mídias institucionais.
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Organize um plano de assistência que garanta cobertura total, independentemente de onde você more, e que não aplique cotas.
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Habilitar Unidades de Cuidados Paliativos (UCP) e Equipes de Apoio (EA), de acordo com as diretrizes do MSP.
O plano, já elaborado pelo Ministério e aguarda sanção presidencial, define os cuidados paliativos como universais, integrais, oportunos, longitudinais e contínuos.
Universal , porque deve atingir todas as pessoas abrangidas pela Portaria 1965 de 2019, o que inclui patologias oncológicas, pulmonares crônicas, cardíacas, neurológicas, hepáticas, renais, HIV, doença de Duchenne, demências, distúrbios neuromusculares ou metabólicos crônicos, entre outras.
Abrangente , pois aborda aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais. Gabriela Píriz, diretora do programa de Cuidados Paliativos, explicou que "a espiritualidade é um aspecto da pessoa. Tem a ver com transcendência, com a vida ter sentido. Vai além dos aspectos religiosos". Como exemplo, ela mencionou que as crianças podem ser incentivadas a deixar uma caixa de presentes, gravar um vídeo ou escrever mensagens para pessoas importantes.
Em relação oportuno , nos esforçaremos para encaminhar os pacientes precocemente, para que eles não acabem buscando cuidados paliativos apenas nos últimos dias de vida. Cada encaminhamento deve ser concluído em até 48 horas úteis. A avaliação pode ser presencial ou virtual, e pode ser conduzida por um médico ou enfermeiro licenciado. Deve ser registrada no prontuário médico do paciente.
O cuidado longitudinal envolverá o monitoramento durante todo o processo, incluindo o apoio às famílias durante o processo de luto. contínuo , por outro lado, refere-se ao acompanhamento contínuo em todos os níveis de cuidado, seja presencial ou virtual.
Os regulamentos exigem que todos os prestadores de serviços tenham um Plano de Saúde (PCU) e um Plano de Saúde (ES) para adultos e crianças, mesmo aqueles com menos de 30.000 membros. Nesses casos, será necessária uma equipe central composta por um médico e um enfermeiro. Além disso, os prestadores podem firmar convênios com prestadores maiores ou contratar pessoal externo treinado.
Para instituições com subsidiárias ou unidades secundárias, o requisito é oferecer a mesma qualidade de atendimento em todas as suas instalações. A equipe centralizada deve estar familiarizada com todos os pacientes que necessitam de cuidados paliativos e auxiliar pessoalmente em casos complexos.
Além disso, cada provedor deve ter recursos diagnósticos, terapêuticos e logísticos adequados e promover o treinamento contínuo de sua equipe em cuidados paliativos.
Em casos de hospitalização, será exigido que os familiares tenham acesso flexível aos centros de saúde, especialmente em situações como morte ou sedação. Visitas de menores também serão autorizadas, desde que não haja contraindicações médicas e considerando a vontade da criança ou adolescente.
Por fim, o projeto contempla a abordagem a pacientes que expressam o desejo de apressar a morte. Gabriela Píriz indicou que essa situação é comum entre pessoas em fase terminal, seja pelo sofrimento físico ou emocional, seja pelo medo de se tornarem um fardo para suas famílias.
“Muitas vezes, nas primeiras consultas, o paciente diz: 'Não quero continuar vivendo assim'. Chamamos isso de desejo de apressar a morte. Na maioria das vezes, isso está relacionado à dor ou a outro tipo de doença”, explicou. Nesses casos, é necessária uma equipe treinada para avaliar as causas físicas, emocionais, econômicas ou espirituais e fornecer uma resposta terapêutica abrangente.