Infosalus.- Pesquisadores de Cambridge descobrem a causa da subestimação da pressão arterial sistólica na hipertensão.

por 15 de agosto de 2025

MADRI, 15 (EUROPA PRESS)

A pressão alta, ou hipertensão, é o principal fator de risco para morte prematura, associada a doenças cardíacas, derrames e ataques cardíacos. No entanto, imprecisões no método mais comum de medição da pressão arterial significam que até 30% dos casos de pressão alta podem passar despercebidos.

Qualquer pessoa que já tenha medido a pressão arterial estará familiarizada com o método do manguito. Esse tipo de medição, também conhecido como método auscultatório, envolve inflar um manguito ao redor do braço até que o fluxo sanguíneo para o antebraço seja interrompido. O médico então ouve as batidas no braço com um estetoscópio enquanto o manguito desinfla lentamente.

A pressão arterial é determinada pela leitura de um manômetro conectado ao manguito desinsuflado. A pressão arterial é expressa em dois valores: a pressão máxima (sistólica) e a pressão mínima (diastólica). Uma pressão arterial de 120/80 é considerada ideal.

"O teste auscultatório é o padrão ouro, mas superestima a pressão diastólica, enquanto a pressão sistólica é subestimada", diz Kate Bassil, do Departamento de Engenharia de Cambridge, Reino Unido, que desenvolveu um modelo que proporcionou uma melhor compreensão da mecânica das leituras da pressão arterial do manguito.

Pesquisadores afirmam que algumas mudanças simples, que não envolvem necessariamente a substituição das medidas padrão do manguito, podem resultar em leituras de pressão arterial mais precisas e melhores resultados para os pacientes. Os resultados foram publicados na revista PNAS Nexus.

POR QUE A PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA É SUBESTIMADA

Quase todos os médicos sabem que as leituras da pressão arterial às vezes estão erradas, mas ninguém consegue explicar por que elas são subestimadas: há uma lacuna real no entendimento", disse o coautor Professor Anurag Agarwal, também do Departamento de Engenharia de Cambridge.

Estudos não clínicos anteriores sobre imprecisão de medição usaram tubos de borracha que não replicavam completamente como as artérias colapsam sob pressão do manguito, mascarando o efeito de subestimação.

Os pesquisadores construíram um modelo físico simplificado para isolar e estudar os efeitos da pressão arterial descendente (a pressão arterial na parte do braço abaixo do manguito). Quando o manguito infla e o fluxo sanguíneo para o antebraço é interrompido, cria-se uma pressão descendente muito baixa. Ao reproduzir essa condição em seu equipamento experimental, eles determinaram que essa diferença de pressão faz com que a artéria permaneça fechada por mais tempo enquanto o manguito desinfla, retardando a reabertura e resultando em uma subestimação da pressão arterial.

Esse mecanismo físico — reabertura tardia devido à baixa pressão a jusante — é a provável causa da subestimação, um fator não identificado anteriormente. "Atualmente, não estamos ajustando esse erro ao diagnosticar ou prescrever tratamentos, que, segundo estimativas, faz com que até 30% dos casos de hipertensão sistólica não sejam detectados", afirma Bassil.

Em vez dos tubos de borracha usados ​​em modelos físicos anteriores de artérias, os pesquisadores de Cambridge usaram tubos que ficam planos quando esvaziados e fecham completamente quando a pressão do manguito é inflada — a condição essencial para reproduzir a baixa pressão descendente observada no corpo.

COMO EVITAR SUBESTIMAR A PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA

Os pesquisadores afirmam que existem várias soluções possíveis para essa subestimação, incluindo elevar o braço antes da medição, o que poderia gerar uma pressão previsível a jusante e, portanto, uma subestimação previsível. Essa mudança não requer novos dispositivos, apenas um protocolo modificado.

"Talvez nem precisemos de novos dispositivos; só precisamos mudar a maneira como medimos para torná-la mais precisa", disse Agarwal.

No entanto, se novos dispositivos de monitoramento da pressão arterial forem desenvolvidos, eles poderão exigir dados adicionais que se correlacionem com a queda da pressão arterial para ajustar as leituras "ideais" para cada indivíduo. Isso pode incluir idade, IMC ou características dos tecidos.

Os pesquisadores esperam garantir financiamento para ensaios clínicos que testem suas descobertas em pacientes e buscam parceiros da indústria ou de pesquisa para ajudá-los a refinar seus modelos de calibração e validar seus efeitos em populações diversas. A colaboração com médicos também será essencial para implementar mudanças na prática clínica.

A pesquisa foi apoiada pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas (EPSRC), parte do UK Research and Innovation (UKRI).

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