O Palácio do Eliseu chama as declarações do primeiro-ministro israelense de "errôneas e abjetas" e diz que elas "não ficarão sem resposta".
MADRI, 19 (EUROPA PRESS)
Em carta, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu acusou o presidente francês Emmanuel Macron de "alimentar o ódio antissemita" por reconhecer o Estado da Palestina. Isso causou indignação em Paris, que instou o governo israelense a não explorar uma questão tão séria quanto o antissemitismo.
Netanyahu enviou uma carta ao presidente francês criticando suas recentes declarações contra Israel a respeito da situação na Faixa de Gaza e alertando sobre o aumento "alarmante" do antissemitismo no país europeu, bem como a falta de medidas "decisivas" do governo para lidar com a questão.
A carta também afirma que o anúncio de Macron sobre o reconhecimento do Estado da Palestina "alimenta o fogo antissemita", "recompensa" o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), fortalece a posição da milícia contra a facilitação da libertação de reféns no enclave e fomenta o ódio aos judeus nas ruas da França.
Em resposta, o Palácio do Eliseu disse em um comunicado que a análise de Israel sobre como o reconhecimento da Palestina explica a ascensão do antissemitismo na França é "errônea" e "abjeta", e que isso "não ficará sem contestação".
"A violência contra a comunidade judaica é inaceitável. Portanto, além das condenações, o chefe de Estado tem sistematicamente apelado a todos os seus governos desde 2017 — e ainda mais após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 — para que assumam a posição mais firme contra os perpetradores de atos antissemitas", observou.
Ele também lembrou que o presidente francês decidiu em julho passado marcar anualmente o aniversário da revogação da condenação por traição imposta ao oficial militar Alfred Dreyfus no caso mais notório de acusação antissemita.
O Palácio do Eliseu também enfatizou que o antissemitismo exige "seriedade" e "responsabilidade", não "manipulação". "De acordo com o protocolo atual, o Presidente da República responderá ao Primeiro-Ministro israelense por e-mail", concluiu.
Anteriormente, o vice-ministro de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, declarou em entrevista à BFM TV que a França "não tem lições a aprender na luta contra o antissemitismo", já que o governo sempre se mostrou "extremamente mobilizado" nessa questão. "Acho que, em uma questão séria, o governo e o Presidente da República sempre foram absolutamente firmes", concluiu.
"Quero dizer muito clara e firmemente que este problema do antissemitismo, que está envenenando nossas sociedades europeias e que temos visto aumentar desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, não pode ser explorado", acrescentou.
Macron anunciou no final de agosto que a França reconheceria o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para setembro, devido ao seu "compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio".
O presidente francês havia planejado reconhecer o Estado da Palestina durante a cúpula internacional copatrocinada por Paris e Riad, programada para meados de junho na sede das Nações Unidas em Nova York, mas o evento foi adiado devido à troca de ataques entre Israel e Irã.