Nutrição de culturas na Argentina expõe déficits de reposição de nutrientes
A nutrição na Argentina está novamente emergindo como um problema estrutural. A diferença entre o potencial de grãos e a produtividade não se explica apenas por fatores climáticos ou genéticos. O manejo de nutrientes — o que aplicar, quanto e quando — determina grande parte do resultado e hoje apresenta um déficit acentuado.
atividade exportadora a pressão. Cada remessa de soja, milho ou trigo transporta mais do que apenas grãos; também transporta nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre, que precisam ser repostos para que a produtividade e a qualidade sejam mantidas.
Déficit de mais de dois milhões de toneladas
As seis principais culturas do país — soja, milho, trigo, girassol, cevada e sorgo — removeram mais de 3,5 milhões de toneladas de nutrientes (NPK) na última safra, resultando em 130 milhões de toneladas de grãos. No entanto, a reposição por meio de fertilização atingiu apenas 1,42 milhão de toneladas.
Em termos simples, cerca de 40% do que as culturas extraem é reposto. O déficit total ultrapassa 2,1 milhões de toneladas por safra. O impacto econômico também é significativo: estimado em US$ 86,50 por hectare. "Os balanços de nutrientes são negativos em todos os casos", explicou o especialista Esteban Ciarlo, que estimou uma perda líquida nacional de 56 kg/ha para os principais nutrientes.
Fósforo, o gargalo mais crítico
O fósforo parece ser o elo mais fraco na nutrição das culturas na Argentina. O país perde cerca de 6 kg de fósforo por hectare por ano e depende inteiramente de importações, já que não possui rocha fosfática própria.
A taxa de reposição de fósforo foi de 57% na última temporada, uma das mais baixas entre os países exportadores . "Se não repormos o que extraímos, comprometemos a produtividade futura", alertou Ciarlo. Programas como o SUMA P insistem em incorporar esse nutriente à rotação de culturas como um investimento de longo prazo.

Soja: onde mais se perde e mais se recupera
A soja é responsável por 48% dos nutrientes extraídos e também por grande parte da oportunidade. Hoje, apenas metade das terras é fertilizada e apenas 20% dos produtores realizam análises de solo. "Fertilizamos sem diagnóstico", disse o engenheiro agrônomo Guido Di Mauro, da Universidade Nacional do Rio Grande do Sul.
Na região central, os níveis de fósforo são baixos e as doses aplicadas são insuficientes. Isso limita a produtividade e pode afetar a concentração de proteína, um atributo essencial para a indústria de processamento. Experiências de gestão mostram que o ajuste de fontes, doses, épocas e métodos de aplicação aumenta a produção e melhora a qualidade.
Escala de exportação e visão sistêmica
A logística de exportação acrescenta um ângulo adicional. Cada navio que parte dos portos da Grande Rosário também representa nutrientes que o solo perde. Segundo a Bolsa de Valores de Rosário, em 2024, esta área era a segunda maior exportadora do mundo , com 66 milhões de toneladas embarcadas. "Cada embarque reflete não apenas grãos, mas também nutrientes que precisamos repor", lembrou Roberto Rotondaro.
Roteiro para a campanha 25/26
As recomendações dos técnicos se unem em três frentes:
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Diagnóstico. Generalizar análises de solo para definir necessidades reais por ambiente e cultura.
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Reposição balanceada. Incluir fósforo como base, enxofre como parceiro e nitrogênio planejado no milho e no trigo, sem negligenciar o potássio quando apropriado.
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Pontualidade e precisão. Calibre os equipamentos, escolha as fontes apropriadas e aplique-as nos momentos mais eficientes.
"A Argentina é um dos maiores produtores de soja do mundo; precisamos fechar essa lacuna por meio de melhor nutrição do solo e maior adoção de tecnologia", concluiu Di Mauro.
Fontes: FERTILIZAR AC