MADRI, 21 (EUROPA PRESS)
O presidente argentino Javier Milei demitiu Diego Spagnuolo, diretor da Agência Nacional de Deficiência, após a divulgação de uma série de gravações de áudio nas quais o alto funcionário do governo supostamente faz alusão a subornos pelo órgão público que dirige.
"Diante dos fatos públicos e da clara exploração política pela oposição durante um ano eleitoral, o presidente da nação decidiu preventivamente destituir Diego Spagnuolo, diretor executivo da Agência Nacional de Deficiência", disse a presidência argentina em um comunicado.
Nesse sentido, ele indicou que o ministro da Saúde, Mario Lugones, "intervirá na agência e anunciará o nome do supervisor da agência nas próximas horas, a fim de garantir seu funcionamento normal e adequado".
A medida ocorre logo após Milei, sua irmã Karina e outros altos funcionários serem acusados de corrupção em conexão com a compra irregular de medicamentos por meio da agência mencionada.
A denúncia, apresentada pelo advogado Gregorio Dalbón, que representou a ex-presidente Cristina Fernández em casos anteriores, detalha uma rede de "coleta e pagamento de propina relacionada à compra e fornecimento de medicamentos, com impacto direto nos cofres públicos".
O documento cita os irmãos Milei, Spagnuolo, o assessor de Karina, Eduardo "Lule" Menem, e o proprietário da farmacêutica Suizo Argentina, Eduardo Kovalivker. Os réus teriam cometido "crimes de corrupção passiva, administração fraudulenta, negociações incompatíveis com o exercício de funções públicas e violações da Lei de Ética Pública", conforme indicado no documento.
A denúncia se baseia em gravações de áudio vazadas na tarde de quarta-feira pelo canal de streaming Carnaval e posteriormente divulgadas por veículos de comunicação locais como o Clarín, nas quais Spagnuolo admite a existência de um sistema de "cobrança ilegal" envolvendo o chefe de Estado, sua irmã e os outros três réus. "Do que cobram pelos medicamentos, você tem que pagar 8%, tem que entregar à Agência Suíça, e nós repassaremos à Presidência", afirmou o chefe da Agência para Deficientes.
"Karina fica com 3% e 1% vai para a operação", acrescentou Spagnuolo, enquanto em outra parte da gravação afirmou ser ele quem falava com o presidente. "Tenho todas as mensagens de WhatsApp da Karina. Ele não está envolvido, mas todo o pessoal dele está. Eles vão pedir dinheiro aos credores", acrescentou.