O presidente sul-coreano Lee Jae Myung e o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba consideraram essencial fortalecer seus laços de cooperação e consolidar ainda mais 60 anos de relações diplomáticas normalizadas durante sua cúpula em Tóquio, em meio a uma "era de turbulência", nas palavras do primeiro-ministro japonês, referindo-se às disputas tarifárias com os Estados Unidos e à ascensão da China no Indo-Pacífico.
"Fortalecer a cooperação entre Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos é crucial", disse Ishiba. "A paz e a estabilidade não serão alcançadas a menos que façamos esforços ativos, e isso é ainda mais verdadeiro em uma era de turbulência", acrescentou, após agradecer ao presidente sul-coreano por escolher o Japão como seu primeiro destino bilateral antes de seguir para os Estados Unidos, a escolha mais comum entre os líderes sul-coreanos ao assumirem o cargo.
Para o presidente sul-coreano, "dada a instabilidade da ordem internacional em termos de comércio e segurança, acredito que a República da Coreia e o Japão, que compartilham posições semelhantes em termos de valores, ordem e ideologia, devem fortalecer sua cooperação mais do que nunca", afirmou ele em seu discurso de abertura, relatado pela agência de notícias oficial sul-coreana, Yonhap.
Vale lembrar que o presidente Lee se reunirá com parlamentares japoneses no domingo, último dia de sua visita ao país, antes de seguir para Washington, D.C., para uma cúpula com o presidente dos EUA, Donald Trump. Esta é a primeira vez desde que ele assumiu o poder em 4 de junho, após a enorme crise política desencadeada por seu antecessor, Yoon Suk Yeol, que orquestrou uma declaração fracassada de lei marcial no final do ano passado.
Após a conclusão da cúpula entre Ishiba e Lee, um novo memorando de entendimento bilateral deve ser publicado em breve, reafirmando as relações históricas entre os dois países após uma "história dolorosa", nas palavras do presidente sul-coreano, referindo-se a episódios como o de novembro passado, quando Seul se recusou a participar de uma cerimônia conjunta com o Japão após descobrir que entre os participantes estava um parlamentar que havia visitado o Santuário Yasukuni, em Tóquio, onde criminosos de guerra são enterrados.
A declaração de sábado, a esse respeito, reiterará que o Japão não mudará a "consciência histórica" expressada por sucessivos gabinetes japoneses, incluindo a Declaração Conjunta Japão-Coreia de 1998, que inclui arrependimento e desculpas pelo domínio colonial japonês, de acordo com um rascunho do memorando relatado pelo jornal Yomiuri Shimbun.
Lee passou semanas tentando enfatizar a continuidade das relações com o Japão e os Estados Unidos. Em um discurso que marcou o Dia da Libertação no início deste mês, ele chamou o Japão de "parceiro indispensável" e, em entrevista ao Yomiuri, afirmou que não tem intenção de mudar sua postura atual de arrependimento em relação ao uso de escravas sexuais sul-coreanas por seu país.
Além disso, ambos os governos estão na fase final de flexibilização das restrições de vistos para trabalho e férias. As novas regras podem ser implementadas em outubro, de acordo com o jornal Asahi Shimbun.
O Sistema de Vistos de Férias e Trabalho é um acordo mútuo entre o Japão e a Coreia do Sul que permite que jovens cidadãos trabalhem e vivam no outro país por até um ano. De acordo com a Embaixada do Japão na Coreia do Sul, o número de vistos emitidos pelo Japão para coreanos está atualmente limitado a 10.000 por ano.