MADRI, 15 (EUROPA PRESS)
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, disse na quinta-feira que seu governo está "trabalhando com a China e a Rússia" para evitar possíveis sanções da Alemanha, Reino Unido e França, que ameaçaram Teerã com retaliações se o país não retomar as negociações sobre seu programa nuclear até o final de agosto.
"Se isso acontecer, será negativo (...) Sua consequência mais importante é o retorno do embargo de armas. Além disso, retornar ao Capítulo 7 da Carta da ONU e retratar o Irã como uma 'ameaça à paz e à segurança internacionais' pode ter consequências jurídicas e políticas negativas, que devem ser combatidas. Estamos trabalhando com a China e a Rússia para impedir a implementação do 'snapback'", disse ele em entrevista à emissora estatal de televisão IRIB, onde afirmou que "se não funcionar, temos as ferramentas para responder".
O ministro das Relações Exteriores iraniano fez essas declarações um dia depois de os três países do E3 terem declarado em uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que estão preparados para ativar o mecanismo para restabelecer as sanções impostas anteriormente ao país da Ásia Central, a menos que o Irã retome as negociações sobre seu programa nuclear.
Na carta, os três países alegam que Teerã tem um estoque total de 8.400 quilos de urânio enriquecido, o que representa mais de 40 vezes o limite estabelecido pelo acordo de 2015 e inclui mais de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, de acordo com os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
As negociações sobre esse assunto estão paralisadas há vários anos, principalmente agora, após o conflito desencadeado por Israel em 13 de junho, quando lançou uma ofensiva militar contra o Irã, que respondeu lançando centenas de mísseis e drones contra o território israelense.
Mais tarde, os Estados Unidos se juntaram à ofensiva de Israel com uma série de bombardeios contra três instalações nucleares iranianas — Fordo, Natanz e Isfahan — embora um cessar-fogo esteja em vigor entre os dois lados desde 24 de junho.
Israel alegou que o objetivo de sua ofensiva era combater o suposto programa de armas nucleares de Teerã, em ataques lançados poucos dias antes de uma nova reunião agendada entre o Irã e os Estados Unidos, a sexta, para tentar chegar a um novo acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Em 2018, durante seu primeiro mandato, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada unilateral de Washington do histórico acordo de 2015, que incluía inúmeras inspeções e restrições ao programa de Teerã.