MADRI, 19 (EUROPA PRESS)
Um procedimento realizado sob sedação leve em menos de duas horas por um radiologista intervencionista alivia a dor crônica no joelho causada pela osteoartrite, de acordo com um novo estudo da NYU Langone Health.
À medida que se deterioram gradualmente, as articulações dos joelhos de pessoas com osteoartrite ficam inflamadas, desencadeando o crescimento de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e o aumento do fluxo sanguíneo para as articulações. O procedimento do estudo, chamado embolização da artéria genicular, impediu que esse fluxo sanguíneo anormal transportasse células imunológicas que causam inflamação e dor associada.
No novo estudo, os pesquisadores administraram microesferas químicas (hidrogéis biocompatíveis) através de um tubo plástico guiado por imagem para bloquear o fluxo sanguíneo em qualquer uma das seis artérias que irrigam a membrana sinovial do joelho. Mais de 60% dos 25 homens e mulheres submetidos ao procedimento em sua clínica em Manhattan apresentaram melhoras significativas um ano depois.
Os resultados do estudo foram publicados no Journal of Vascular Interventional Radiology: "Nosso estudo demonstra que a embolização da artéria genicular é um tratamento minimamente invasivo, seguro e eficaz para pessoas com dor sintomática moderada a grave no joelho relacionada à osteoartrite", disse o co-investigador do estudo e radiologista intervencionista Ryan Hickey.
"Este trabalho também fornece evidências de que a embolização da artéria genicular oferece mais do que apenas alívio da dor e pode estar modificando o próprio processo da doença", explicou Hickey, que também é professor associado do Departamento de Radiologia da Escola de Medicina Grossman da NYU, onde atua como chefe da seção de radiologia vascular e intervencionista.
"Este procedimento é especialmente adequado para pacientes que ainda não estão prontos para a cirurgia de substituição do joelho ou para quem a cirurgia não é uma opção devido à idade ou outros fatores de risco, como obesidade, diabetes descontrolado, doença cardíaca ou tabagismo", acrescentou Hickey.
O especialista afirma que há uma necessidade urgente de tratamentos alternativos menos invasivos para a osteoartrite. Estima-se que 24 milhões de casos de osteoartrite do joelho sejam diagnosticados a cada ano nos Estados Unidos, um número que ele acredita que só aumentará com o envelhecimento da população.
OUTROS BENEFÍCIOS
Outras descobertas importantes do estudo incluíram reduções significativas (uma média de 12%) nos níveis sanguíneos do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), uma proteína necessária para estimular a formação de novos vasos sanguíneos, um ano após a cirurgia.
Pesquisas anteriores também associaram o VEGF a outras alterações estruturais no joelho devido à osteoartrite. Outro biomarcador proteico, o agonista do receptor de interleucina-1 (IL-1Ra), apresentou uma redução semelhante (15%). O IL-1Ra é conhecido por seu papel no combate à inflamação. Testes com meia dúzia de outras moléculas imunológicas envolvidas na inflamação foram inconclusivos.
"Nossa pesquisa sugere que a diminuição do fator de crescimento endotelial vascular pode servir como um biomarcador valioso ou assinatura química para determinar o sucesso da embolização da artéria genicular, fornecendo uma referência objetiva muito necessária para medir sua eficácia", disse Bedros Taslakian, pesquisador principal e autor sênior do estudo.
MAIS PESQUISAS SÃO NECESSÁRIAS
A equipe da NYU Langone planeja investigar mais a fundo como a embolização alivia a inflamação e a dor. Hickey também afirma que mais pesquisas são necessárias para determinar a duração dos benefícios do procedimento e quais pacientes com osteoartrite têm maior probabilidade de se beneficiar.
Todos os voluntários do estudo foram diagnosticados com osteoartrite de joelho moderada a grave que não respondeu ao tratamento de primeira linha. Isso incluiu injeções de corticosteroides no joelho para reduzir a inflamação; aspiração de fluidos (artrocentese) para remover o excesso de fluido da articulação; e injeções de plasma rico em plaquetas para reparar o tecido danificado; além de fisioterapia. Os participantes do estudo tinham idades entre 50 e 78 anos e todos foram submetidos a procedimentos de embolização entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023.
Como parte do procedimento, radiologistas intervencionistas acessaram as artérias de cada paciente através de uma pequena incisão na coxa, utilizando radiografias assistidas por vídeo para guiar o cateter até a artéria do joelho previamente selecionada para embolização. Os participantes do estudo foram então acompanhados em exames de rotina por pelo menos um ano e avaliados com base em duas dúzias de medidas de dor, rigidez do joelho e capacidade de movimentação.
Os pacientes precisavam atingir uma diferença de quatro pontos em uma escala de 20 pontos para estabelecer uma redução clinicamente significativa da dor. Segundo os pesquisadores, os efeitos colaterais do procedimento foram mínimos e se limitaram a manchas escuras na pele do joelho e dor leve perto do local da incisão.
