Uma nova pesquisa identifica genes-chave que atuam como freios no crescimento do câncer no sangue.

por 21 de agosto de 2025

MADRI, 21 (EUROPA PRESS)

Pesquisadores australianos usaram um método inovador de triagem do genoma completo para identificar genes e suas proteínas codificadas que desempenham papéis essenciais na prevenção do desenvolvimento de linfoma, revelando novos alvos potenciais de tratamento para esses cânceres no sangue.

O estudo, publicado na Nature Communications, identificou um grupo de proteínas conhecido como complexo GATOR1 como supressores tumorais essenciais. O complexo GATOR1 normalmente funciona como um freio ao crescimento celular, regulando vias que controlam o crescimento e o metabolismo celular. Quando os componentes do GATOR1 estão ausentes ou defeituosos, esse mecanismo de proteção falha, permitindo que as células cresçam descontroladamente.

A pesquisa é uma colaboração entre o Instituto de Pesquisa do Câncer Olivia Newton-John (ONJCRI), o WEHI e o Centro de Câncer Peter MacCallum (Austrália). A equipe utilizou modelos pré-clínicos sofisticados de linfoma agressivo para avaliar sistematicamente a função de todos os genes conhecidos neste complexo. Sua abordagem abrangente de triagem revelou que, quando qualquer um dos genes GATOR1 está ausente, o desenvolvimento do linfoma é drasticamente acelerado, identificando o complexo GATOR1 como um supressor crucial do desenvolvimento de câncer no sangue.

“A melhor coisa sobre realizar uma triagem CRISPR bem projetada é que você sempre encontra algo. Nossa abordagem de triagem imparcial analisou todos os genes, e não apenas um subconjunto. Ao não limitar nossa busca a vias conhecidas, encontramos genes e vias supressoras de tumores esperados e inesperados, como o GATOR1”, explicou a coautora sênior Margaret Potts.

Surpreendentemente, os medicamentos existentes que atuam nas mesmas vias celulares normalmente controladas pelo GATOR1 foram altamente eficazes em retardar o crescimento do linfoma em modelos pré-clínicos de deficiência de GATOR1. Esses medicamentos tiveram sucesso limitado no tratamento do câncer até o momento, o que pode ser explicado pelo fato de os pesquisadores não terem conseguido identificar quais pacientes responderiam bem a essas terapias. "Nosso artigo inicia a exploração dessa oportunidade na medicina de precisão", observou Potts.

O professor Marco Herold, diretor executivo do ONJCRI, diretor da Escola de Oncologia Médica La Trobe e autor sênior do artigo, afirmou que o modelo pré-clínico de linfoma é impulsionado por altos níveis do oncogene MYC, uma anormalidade encontrada em aproximadamente 70% de todos os cânceres humanos. "Quando o GATOR1 está ausente, um freio crítico que normalmente retarda a malignidade induzida pelo MYC é removido", acrescentou.

"Esta descoberta emocionante fornece novos insights sobre o desenvolvimento e a disseminação sustentada do câncer, o que esperamos que informe o desenvolvimento de tratamentos contra o câncer mais eficazes e direcionados", disse Herold.

De acordo com o Observatório Global do Câncer, mais de 630.000 novos casos de linfoma foram relatados no mundo todo em 2022, destacando a necessidade urgente de entender melhor os mecanismos moleculares que impulsionam essa doença.

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