O Sudão é o país que mais preocupa, juntamente com a República Democrática do Congo, o Chade, o Iêmen e o Sudão do Sul.
MADRI, 18 (EUROPA PRESS)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou 390.723 casos de cólera e 4.332 mortes em 31 países até agora em 2025, e enfatizou que a situação continuará a piorar devido aos conflitos e à pobreza.
"Esses números são subestimados, mas refletem uma falha coletiva: a cólera é prevenível e facilmente tratável, mas continua a ceifar vidas", disse Kathryn Alberti, responsável técnica da OMS para cólera.
Ele então explicou que esses números são "muito altos" e são motivados por conflitos, que forçam as pessoas a fugir e, muitas vezes, buscar refúgio em campos "superlotados", onde a água, o saneamento e as instalações de higiene estão "no limite".
Essa situação significa que a resposta geral é limitada por uma base de recursos humanos sobrecarregada, falta de dados e uma grave escassez de financiamento.
É por isso que ele pediu aos governos e à comunidade internacional que mobilizassem financiamento urgente; apoiassem a rápida distribuição de vacinas e suprimentos, e o acesso seguro para trabalhadores humanitários; e investissem na prevenção de longo prazo por meio de água e saneamento e sistemas de vigilância mais fortes.
PREOCUPAÇÃO NO SUDÃO, CHADE, RDC, SUDÃO DO SUL E IÊMEN
Entre os países que mais preocupam a organização está o Sudão, onde a cólera atingiu todos os seus estados um ano após o início do surto, com mais de 48.000 casos e mais de 1.000 mortes registradas até agora neste ano. Vale destacar que a taxa de mortalidade é de 2,2%, ultrapassando o limite de 1% que indica tratamento adequado.
Alberti enfatizou que, embora os casos tenham se estabilizado e até diminuído em algumas áreas, como Cartum (capital do país), eles estão aumentando na região de Darfur e afetando o vizinho Chade.
Em Tawila (Darfur do Norte, Sudão), os refugiados do conflito que assola o país desde 2023 quadruplicaram a população, passando de 200.000 para 800.000, sobrecarregando os sistemas de água e saneamento.
"As pessoas têm apenas 3 litros de água por dia, em média (pense nisso) para beber, cozinhar, lavar e limpar", acrescentou Alberti, que relatou a intensificação da resposta da OMS na área em resposta a uma esperada deterioração da situação com o início da estação chuvosa.
O funcionário da OMS também detalhou a criação de grupos de trabalho nacionais e locais que levaram à abertura de 17 centros de tratamento de cólera com capacidade para 670 leitos em Darfur.
Essas equipes também fortaleceram a vigilância, treinaram profissionais de saúde em cuidados clínicos e controle de infecções, financiaram testes de qualidade da água e coordenaram iniciativas transfronteiriças de saúde pública com o Chade.
Apesar disso, Alberti observou que a violência e a burocracia "impedem o acesso" a certas áreas, e que vários territórios em estados sudaneses, como Darfur e Cordofão, "permanecem inacessíveis".
Entre os países que preocupam a OMS está o Chade, onde o primeiro caso foi relatado há pouco mais de um mês, com mais de 500 casos e 30 mortes relatadas em campos e comunidades anfitriãs na província de Ouadai, na fronteira com o Sudão.
Países como a República Democrática do Congo (RDC) relataram 44.521 casos e 1.238 mortes por cólera até agora neste ano, a maioria no leste afetado pelo conflito; o Sudão do Sul relatou 70.310 casos e mais de 1.158 mortes; e o Iêmen relatou mais de 60.794 casos e 164 mortes.
PRODUÇÃO DE VACINAS
Por outro lado, Alberti explicou que a produção da vacina oral contra a cólera atingiu níveis recordes desde dezembro, atingindo 6 milhões de doses por mês, graças às novas formulações. No entanto, essa produção foi ofuscada pela "demanda recorde".
Desde janeiro, o Grupo Internacional de Coordenação de Fornecimento de Vacinas (IVCG) recebeu 38 solicitações de doze países, três vezes mais que no mesmo período do ano passado, e já alocou mais de 40 milhões de doses, em comparação com os 35 milhões alocados para todo o ano de 2024.
Vale ressaltar que mais de 85% das doses aprovadas este ano serão destinadas a países que enfrentam crises humanitárias, com até um terço do total indo para o Sudão.