Reintegrar os 291 trabalhadores demitidos? Sério?
Frente Ampla de Salto emitiu uma declaração contundente condenando a demissão de 291 funcionários municipais pelo governo departamental. O partido político exige a reintegração imediata e anuncia uma reunião com o Conselho Departamental, no que considera um abuso institucional sem precedentes.
A decisão do Prefeito Carlos Albisu de demitir esses funcionários não foi arbitrária. Foi uma medida anunciada, fundamentada e amparada por sólidos argumentos jurídicos. Tratava-se de nomeações diretas feitas pela administração anterior, muitas delas nos últimos dias de sua gestão, sem concorrência, sem transparência e, em alguns casos, sem sequer atribuição de funções.
Mas é claro que agora a Frente Ampla de Salto está se desfazendo. Falam de abusos, injustiças e violações de direitos. E os direitos dos contribuintes? E o respeito à lei? E a ordem institucional que tantas vezes se exige quando se está na oposição?
O custo da improvisação
Manter esses 291 funcionários custa à Prefeitura cerca de 20 milhões de pesos por mês. Isso equivale a 6 milhões de dólares por ano. É possível sustentar tal fardo sem afetar serviços essenciais, sem comprometer o funcionamento da prefeitura?
A atual administração assumiu uma Prefeitura endividada, com máquinas em ruínas, museus fechados e fornecedores não pagos. Mas isso não parece importar. O que importa é que os "camaradas" retornem aos seus cargos, mesmo que não haja orçamento, tarefas ou arcabouço legal para respaldá-los.
Líderes políticos ou funcionários públicos?
Albisu foi claro: muitos dos demitidos eram figuras políticas que nunca desempenharam nenhuma função real. É isso que eles querem reintegrar? Uma estrutura militante paralela financiada com recursos públicos?
A Frente Ampla exige reintegrações sem nuances, sem filtros, sem revisão. Onde está a carreira funcional? Onde está o mérito? Onde está o respeito pelos verdadeiros servidores municipais que competiram, que cumprem seu papel, que sustentam a Prefeitura dia após dia?

Chamada à palavra: espetáculo político ou solução?
O bloco de vereadores da Frente Ampla anunciou uma convocação à prefeitura. Por quê? Para exigir explicações que já foram dadas em uma coletiva de imprensa? Para fazer um espetáculo político que distrai do essencial?
Porque o essencial aqui não é o número 291. O essencial é a legalidade, a transparência e o respeito ao dinheiro público. O essencial é que os governos não podem mais usar a administração como espólio político , enchendo cargos com ativistas sem função.
Qual modelo de gestão a Frente Ampla de Salto defende?
A exigência de reintegração de 291 servidores públicos sem revisão revela um modelo de gestão que prioriza a lealdade partidária em detrimento da eficiência pública. É esse o modelo que a Frente Ampla de Salto quer reintegrar? Um gabinete de prefeito transformado em agência de empregos políticos, onde os cargos são distribuídos como prêmios de campanha?
Enquanto o atual governo tenta colocar suas finanças em ordem, restaurar máquinas, pagar dívidas e reabrir serviços, a oposição exige o retorno do caos. Não há propostas de melhoria, alternativas de realocação e nenhuma defesa técnica dos laços. Apenas pressão política e declarações altissonantes.
E agora?
A Frente Ampla pode continuar emitindo declarações, convocando audiências públicas e denunciando abusos. Mas se não houver disposição para rever as relações caso a caso, se não houver autocrítica sobre a gestão do funcionalismo público, se não houver respeito à lei, então não há defesa de direitos: há defesa de privilégios.
E você, como leitor, como cidadão, como contribuinte, tem o direito de se perguntar: Quem está realmente defendendo o interesse público em Salto: quem ordena ou quem exige a reintegração sem revisão?