Hospital Salto ignora o Mês de Conscientização sobre o Câncer: consultas estão agendadas para dezembro. Mulheres indignadas denunciam negligência e falta de atendimento adequado.

Em outubro, o hospital de Salto responde com consultas para dezembro. As mulheres relatam abandono e raiva.
por 16 de outubro de 2025
Ilustração crítica da negligência institucional no hospital Salto durante o Mês do Câncer.
O hospital de Salto adia exames vitais conforme o câncer avança. A prevenção continua sendo apenas uma retórica.
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Hospital Salto adia consultas para o Mês do Câncer

Em pleno Mês do Câncer, o hospital está agendando consultas para dezembro. A indignação está crescendo. As mulheres estão se manifestando. E o sistema está em silêncio.

Outubro. sobre o câncer de mama . Mês de prevenção, conscientização, laços cor de rosa e discursos institucionais prometendo cuidado, comprometimento e sensibilidade. Mas em Salto, a realidade é diferente. No Hospital Regional, mulheres que procuram uma ultrassonografia de mama recebem uma resposta que não só as decepciona, como as enfurece. Elas estão agendadas para dezembro. Dois meses depois. Na melhor das hipóteses.

A Uruguay Al Día recebeu dezenas de mensagens de pacientes indignadas. Mulheres que foram ao hospital na esperança de fazer exames básicos e encontraram uma muralha de burocracia, uma agenda vazia e um atendimento flagrantemente ausente. O que deveria ser prioridade na saúde se torna uma espera absurda. O que deveria ser prevenção se transforma em negligência.

Mulheres relatam abandono no hospital de Salto

Marta, moradora do bairro Saladero, foi direta: “É um golpe para os usuários. Eles dizem para você vir em outubro, que há uma campanha, que há prioridade. E quando você chega, eles marcam para dezembro. Qual é o sentido? O que eles estão comemorando? O atraso?”

Dona Laura, uma aposentada de 67 anos, foi mais direta: “É uma vergonha total. Tenho antecedentes criminais. Cheguei no dia 3 de outubro e me marcaram uma consulta para 20 de dezembro. E se eu tiver alguma coisa? E se for urgente? Quem é o responsável?”

Silvia, mãe de três filhos , expressou indignação: “Dizem que há campanhas, que há conscientização. Mas quando você marca uma consulta, eles te fazem esperar dois meses. Isso é prevenção? Isso é cuidado com as mulheres?”

Mariana, professora primária, foi clara: “Fui no dia 2 de outubro. Me deram o dia 18 de dezembro. O que estão esperando? Que seja tarde demais? Isso não é falta de recursos. É falta de respeito.”

Lucía, uma paciente com câncer em acompanhamento, acrescentou: “Não há mamografia, nem médico, nem nada. Só desculpas. E enquanto isso, continuamos esperando. O que acontece se o câncer progredir? Quem é o responsável?”

Graciela, comerciante do centro da cidade, resumiu em uma frase: "Isso não é saúde pública. É negligência institucional."

Hospital Salto não responde, câncer não espera

A resposta oficial do Hospital Regional de Salto foi breve. Foi relatado que "o atendimento está sendo reforçado com apoio externo". Mas os usuários não estão observando nenhuma melhora. O que eles veem são prazos distantes, falta de resposta e uma campanha que parece mais cosmética do que eficaz.

A indignação está crescendo. Mulheres reclamam que o hospital não está cumprindo seu papel básico de prevenção, justamente no mês em que o rastreamento deveria ser intensificado. Segundo dados oficiais , o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Uruguai. O diagnóstico precoce salva vidas. A demora pode ser fatal.

O que está acontecendo no hospital Salto?

A pergunta se repete em todos os depoimentos. Onde estão os recursos? Onde está a mamografia? Onde estão os médicos? Onde está a gestão? Onde está o respeito pelas mulheres que esperam, se angustiam e se sentem abandonadas?

Porque esta não é uma demanda isolada. É o clamor de centenas de mulheres que não querem esperar mais. Porque o câncer não espera. E a saúde pública também não deveria.

Saúde pública em Salto: promessas vazias, mudanças distantes

Todo mês de outubro, o Ministério da Saúde Pública lança campanhas, cartazes, comerciais e comunicados de imprensa que falam de prevenção, conscientização e comprometimento. Mas em Salto, essas palavras se chocam com uma realidade que as contradiz.

De que adianta falar em prevenção se não há consultas? De que adianta falar em conscientização se não há cuidado? De que adianta falar em comprometimento se as mulheres têm que esperar dois meses por um ultrassom?

A campanha institucional vira marketing vazio. É propaganda sem substância. É uma zombaria daqueles que realmente precisam de atenção.

Hospital Salto e o silêncio institucional

O que está acontecendo em Salto não é um erro isolado. É um sintoma de um sistema falho. Um sistema que prioriza a retórica em detrimento da ação. Um sistema que só fala da boca para fora, mas falha em garantir o mais básico: atendimento médico oportuno e adequado.

E o pior é que ninguém admite. Ninguém se manifesta. Ninguém se desculpa . Ninguém explica por que, durante o Mês de Conscientização do Câncer, as mulheres têm que esperar até dezembro para saber se estão saudáveis.

A indignação se transforma em denúncia

Do Uruguay Al Día , coletamos mais de 40 depoimentos de mulheres que chegaram ao hospital em outubro e tinham internação marcada para dezembro. Algumas com histórico médico. Outras com sintomas. Todas com medo. Todas com raiva.

E todos com o mesmo sentimento: o sistema os está abandonando.

O que acontece se o câncer progredir?

Esta não é uma pergunta retórica. É uma possibilidade real. Porque o câncer de mama, se detectado precocemente, tem alta probabilidade de sucesso no tratamento. Mas, se detectado tardiamente, as consequências podem ser devastadoras.

Cada dia de atraso é um risco. Cada semana sem diagnóstico é uma ameaça. Cada mês sem atendimento é um ato de irresponsabilidade institucional.

Quem assume o comando?

O hospital? O Ministério? O governo regional? Alguém será responsabilizado por esses atrasos? Alguém vai explicar por que, durante o mês de prevenção, o atendimento está sendo adiado?

Porque se ninguém assumir a responsabilidade, estaremos diante de negligência institucional. Uma violação grave. Uma omissão que pode custar vidas.

Chega de desculpas. Chega de silêncio.

As mulheres de Salto não pedem privilégios. Elas pedem o mínimo indispensável: atendimento médico adequado e em tempo hábil. Elas pedem respeito. Elas pedem que o Mês de Conscientização sobre o Câncer não seja apenas uma campanha publicitária, mas uma ação concreta.

E pedem ao hospital que pare de se esconder atrás de desculpas. Porque o silêncio institucional é parte do problema.

Onde está o Estado?

O Estado uruguaio tem a obrigação de garantir o acesso à saúde, especialmente em áreas críticas como o câncer de mama. Principalmente nas regiões do interior, onde o atendimento já é limitado.

Mas em Salto, o Estado parece ausente. Invisível. Indiferente.

O papel da mídia: dizer o que os outros calam

No Uruguay Al Día , estamos comprometidos a denunciar o que os outros silenciam. A publicar o que incomoda as pessoas. A amplificar as vozes daqueles que não são ouvidos.

Porque o jornalismo não existe para agradar. Ele existe para incomodar. Para denunciar. Para exigir.

E, neste caso, a demanda é clara: atendimento imediato para todas as mulheres que precisam. Não em dezembro. Não quando for tarde demais. Agora.

Isso não é um erro. É uma vergonha.

O que está acontecendo no Hospital Salto não é um erro administrativo. Não é uma falha técnica. Não é uma exceção. É uma vergonha institucional. É um exemplo de como o sistema pode falhar justamente quando é mais necessário.

E é um alerta. Porque se o Mês de Conscientização sobre o Câncer se tornar uma campanha vazia, estaremos perdendo mais do que apenas tempo. Estaremos perdendo vidas.

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