caso da carteira de habilitação tomou um rumo inesperado quando o ex-prefeito de Isidoro Noblía, Favio Freire, desmaiou após ser preso nesta quinta-feira. O líder, investigado por seu suposto envolvimento na entrega irregular de milhares de carteiras de habilitação, foi hospitalizado e permanece sob cuidados médicos, forçando o adiamento de sua declaração ao tribunal.
A promotora responsável pelo caso, Letizia Siqueira, confirmou que aguardará a liberação médica antes de prosseguir com a investigação. Freire havia sido afastado do cargo de chefe da Polícia Municipal dois dias antes, devido à investigação que o implicava diretamente no esquema de irregularidades.
Andamento judicial no caso de carteira de motorista em Cerro Largo
Enquanto a situação de Freire era resolvida, os tribunais continuavam com as investigações formais. Um funcionário municipal de Noblía, encarregado da realização de provas práticas, foi acusado de conspiração criminosa, corrupção passiva qualificada e falsificação de documentos. Ele foi mantido em prisão preventiva.
Um cidadão de Cerro Largo foi condenado a um ano de prisão por meio de processo abreviado. Outro homem, que atuou como intermediário no recrutamento de interessados para cartões de racionamento, recebeu 16 meses de liberdade condicional, incluindo prisão domiciliar noturna e serviço comunitário. Além disso, um ex-funcionário público aposentado foi indiciado e deve cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O volume de livretos emitidos em Noblía surpreendeu as autoridades. Em uma cidade de 2.300 habitantes, mais de 6.000 documentos foram emitidos em dois anos e meio. Somente no primeiro semestre de 2024, foram emitidos 1.305, enquanto em todo o ano de 2023, o número foi de 2.172.
O Ministério Público suspeita que muitas pessoas se deslocaram exclusivamente ao município para obter a autorização. Segundo a investigação, cada autorização pode envolver um pagamento irregular de mais de 10.000 pesos, apesar do custo oficial ser de cerca de 3.000 pesos em qualquer repartição pública municipal, incluindo exame médico e taxas administrativas.
Contexto político e repercussões locais
O prefeito de Cerro Largo, Christian Morel, afirmou que as irregularidades tiveram origem na gestão anterior, liderada por José Yurramendi. "Entre tantas heranças que tivemos, infelizmente herdamos este problema", declarou em entrevista coletiva. Ele também afirmou que a prefeitura está cooperando plenamente com o sistema de justiça e não hesitará em agir caso seja confirmada a responsabilidade dentro de sua gestão.
Na semana anterior, o Ministério Público já havia indiciado outras cinco pessoas, incluindo três servidores municipais. Duas foram enviadas para prisão preventiva por 180 dias, e as demais foram colocadas em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O caso mantém Cerro Largo em suspense, já que novas acusações e processos não estão descartados. A descompensação do ex-prefeito Freire atrasou um capítulo crucial da investigação, mas não interrompeu o andamento da investigação sobre o escândalo da carteira de habilitação em Cerro Largo , um dos episódios mais significativos de suposta corrupção dos últimos anos no departamento.