À medida que Temu cresce descontroladamente, a FA responde com um novo imposto

por 21 de agosto de 2025

Desde que o Temu chegou ao Uruguai em 2024, ele mudou para sempre a forma como os uruguaios compram online. Se você é daqueles que aproveitam franquias para importar produtos do exterior, fique atento: o governo de Yamandú Orsi planeja regulamentar o fenômeno com um novo imposto que visa diretamente o crescimento explosivo desse tipo de operação.

O Efeito Temu: Crescimento Recorde nas Compras Online

Em apenas um ano, o Temu — aplicativo de e-commerce chinês — disparou o uso de seu programa de isenção de impostos. Ele permite que qualquer pessoa com mais de 18 anos faça três compras anuais no exterior, de até US$ 200 e 20 quilos cada.

Antes do Temu, havia aproximadamente 220.000 usuários desse benefício por ano. Hoje, o número ultrapassa 650.000. O salto é impressionante: só em maio de 2025, mais de 200.000 pacotes chegaram ao Uruguai. Isso representa um aumento de 214% em relação ao ano anterior.

Isso representa uma pressão significativa tanto no comércio interno quanto na arrecadação de impostos. Por isso, o Ministério da Economia e Finanças (MEF) decidiu tomar medidas.

Em maio de 2025, o Uruguai recebeu mais de 200.000 pacotes online, um recorde impulsionado pela plataforma chinesa Temu.
Em maio de 2025, o Uruguai recebeu mais de 200.000 pacotes online, um recorde impulsionado pela plataforma chinesa Temu.

Nasce o “Imposto Temu”: em que consiste

O ministro da Economia, Gabriel Oddone, confirmou ontem que o governo incluirá um novo imposto sobre esse tipo de compra no projeto de lei orçamentária. O objetivo é "equilibrar o tratamento tributário das compras finais", aplicando uma alíquota de IVA de 22% às compras feitas fora do país.

Mas não se aplicará igualmente a todos. Compras consolidadas nos Estados Unidos — por questões legais vinculadas ao Acordo TIFA entre Uruguai e Estados Unidos — estarão isentas do novo imposto. Isso significa que, na prática, trata-se de um imposto focado em plataformas como a Temu, que operam na Ásia ou na América Latina.

Um equilíbrio entre consumidores e comerciantes

Segundo Oddone, o governo busca uma medida que atenda às demandas dos comerciantes locais — que se sentem em clara desvantagem em relação aos preços imbatíveis no exterior — sem impactar severamente os consumidores.

Para tanto, está previsto um aumento no limite máximo permitido para compras de franquias. Atualmente, ele é de US$ 200 por remessa e pode ser aumentado (embora o valor não tenha sido especificado). Também está sendo considerada a possibilidade de dividir as compras, possibilitando transações maiores. Isso permitiria, por exemplo, agrupar várias compras em uma única entrega, evitando a multiplicação de custos.

A mensagem política é clara: haverá um imposto para proteger a concorrência, mas também um aumento nos benefícios para proteger sua carteira.

O que muda para você?

Se você compra em plataformas como Temu, Shein ou Aliexpress e não usa uma caixa de correio nos EUA, suas remessas poderão estar sujeitas ao IVA se essa mudança for aprovada. Por sua vez, se o limite de US$ 200 for aumentado, você terá mais espaço para aproveitar suas franquias anuais.

Resumindo: você pagará mais por alguns fretes, mas também poderá comprar mais e melhor.

Comércio local vs. globalização digital

O fenômeno Temu evidencia uma tensão crescente: de um lado, a globalização digital dá aos consumidores uruguaios acesso a produtos mais baratos e variados. De outro, as empresas locais sofrem o impacto da concorrência com gigantes isentos de impostos.

O "Imposto Temu" surge como uma forma de regular esse desequilíbrio. Não se trata apenas de arrecadar receitas: trata-se de definir o papel do Uruguai no novo cenário do comércio global.

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