A ilha diz que a medida "demonstra a imposição de Washington como uma nova política externa".
Brasil denuncia "ataques injustificáveis" e sustenta que "saúde e soberania são inegociáveis".
MADRI, 14 (EUROPA PRESS)
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou nesta quarta-feira que está restringindo vistos para autoridades de países africanos e americanos, incluindo o Brasil, para cooperação com missões médicas do governo cubano, o que Washington considera "trabalho forçado".
"O Departamento de Estado tomou medidas para impor restrições de visto a funcionários dos governos africanos, cubanos e granadinos e suas famílias por sua cumplicidade no esquema de missão médica do regime cubano", diz um comunicado, que alega que os profissionais são "contratados" por altos salários e que "a maior parte da renda permanece em Havana".
Ao mesmo tempo, decidiu revogar vistos e impor restrições a vários funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e suas famílias "por sua cumplicidade no esquema de exportação de mão de obra do regime cubano por meio do programa Mais Médicos".
Autoridades dos EUA afirmaram que, como parte do programa, funcionários usaram a OPAS "como intermediária com a ditadura cubana para implementá-lo sem cumprir as exigências constitucionais brasileiras, contornando as sanções dos EUA contra Cuba e conscientemente pagando ao regime cubano o que era devido ao pessoal médico".
Nesse sentido, ele afirmou que revogou os vistos de dois funcionários — Mozart Julio Tabosa Sales e Alberto Kleiman — que trabalharam no Ministério da Saúde do Brasil durante o programa Mais Médicos e participaram de seu planejamento e implementação.
O gabinete diplomático afirmou que "este plano enriquece o regime cubano corrupto, ao mesmo tempo que priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais". Prometeu novas medidas "para pôr fim a este trabalho forçado" e instou os governos a "pagarem diretamente aos médicos pelos seus serviços, e não aos traficantes de escravos do regime".
Por fim, Rubio apelou a "todos os países que defendem a democracia e os direitos humanos para que se unam a este esforço para enfrentar os abusos do regime cubano e apoiar" a sua população. "Os Estados Unidos aspiram a apoiar o povo cubano na sua busca por liberdade e dignidade, e a promover a responsabilização daqueles que perpetuam a sua exploração", afirmou.
A resposta de Cuba veio de seu Ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, com uma breve mensagem em sua conta na rede social X, na qual garantiu que o país latino-americano "continuará prestando serviços" diante de uma medida que criticou por "demonstra a imposição e a agressão pela força como nova doutrina de política externa" da Administração norte-americana.
Por sua vez, o Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, declarou na mesma plataforma que "não nos curvaremos diante daqueles que perseguem as vacinas, os pesquisadores, a ciência e agora duas das pessoas-chave por trás do Mais Médicos", referindo-se aos funcionários Sales e Kleiman. Ele comemorou o fato de que, em dois anos, as atuais autoridades brasileiras dobraram o número de médicos neste programa "que salva vidas".
Nesse sentido, ele afirmou que o programa "sobreviverá a ataques injustificáveis", enfatizando que "tem a aprovação daqueles que mais importam". "Continuaremos firmes em nossas posições: saúde e soberania são inegociáveis. Estaremos sempre ao lado do povo brasileiro", acrescentou.