Como é a perspectiva atual para empréstimos diretos no Uruguai?

por 27 de agosto de 2025
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Ao final de 2024, o volume total de crédito direto no Uruguai atingiu US$ 25 bilhões, representando 29% do PIB do país, segundo dados do Banco Central do Uruguai (BCU). Isso ressalta a importância desse mercado para a economia nacional. Vale destacar que esse crescimento constante é impulsionado pelo aumento da demanda por crédito tanto por parte de empresas (16% do PIB) quanto de famílias (13% do PIB). Vamos analisar mais profundamente esse importante tópico.

Principais players do mercado de crédito direto

mercado de crédito direto no Uruguai é composto por uma gama diversificada de participantes, incluindo bancos públicos e privados, instituições financeiras não bancárias e cooperativas de crédito, cada um com funções específicas na concessão de financiamento. O Banco de la República (BROU), estatal, domina o setor, respondendo por mais de 50% do total de depósitos e empréstimos, graças à sua extensa rede de agências e ao seu papel na implementação de políticas públicas. Bancos privados como o Scotiabank Uruguai e o HSBC Uruguai, com fortes classificações de crédito, oferecem uma variedade de serviços, desde empréstimos pessoais a financiamento corporativo, competindo em eficiência e digitalização.

Instituições financeiras não bancárias, como aquelas que operam sob marcas reconhecidas no mercado, oferecem empréstimos diretos ao consumidor, muitas vezes direcionados a segmentos de baixa renda, com processos simplificados. Entre as principais, a Pronto se destaca por oferecer empréstimos pessoais acessíveis e adaptados às necessidades imediatas, embora seu impacto seja menos significativo em comparação com os bancos. As cooperativas de crédito, por sua vez, têm conquistado espaço na inclusão financeira, atendendo comunidades rurais e microempresas com empréstimos menores. Essas instituições, regulamentadas pelo Banco Central do Chile (BCU), garantem estabilidade, mas enfrentam o desafio de competir com a escala dos bancos e a flexibilidade das instituições financeiras.

Volumes de crédito

O volume de crédito direto no Uruguai tem sido extremamente dinâmico, atingindo US$ 25 bilhões em 2024. Segundo o Banco Central do Uruguai (BCU), o crédito às empresas representa 55% do total, com setores como comércio, indústria e transporte liderando a demanda devido à sua centralidade na rede de dívida comercial. O crédito às famílias, que inclui empréstimos pessoais, hipotecas e cartões de crédito, cresceu mais lentamente, mas representa 45% do total, impulsionado pela recuperação econômica pós-pandemia.

Um fato notável é que, em 2022, 52% dos empréstimos ao setor privado estavam sendo concedidos em pesos uruguaios, refletindo os esforços de desdolarização, embora a maioria dos depósitos (70%) permaneça em dólares, limitando o crescimento do crédito em moeda local. As cooperativas contribuíram significativamente para o crédito às microempresas, com um aumento de 12% em 2024, apoiadas por programas como o Sistema Nacional de Garantia Empresarial (SiGa), que exigiu US$ 96 milhões adicionais para atender à demanda. Esse crescimento reflete uma maior confiança no sistema financeiro, mas também expõe a dependência de setores-chave do financiamento externo.

Taxas de juros médias

As taxas de juros no mercado de empréstimos diretos variam de acordo com o tipo de instituição e a finalidade do empréstimo, refletindo os custos de intermediação e o risco percebido. Atualmente, o Banco Central do Equador regula as taxas de juros médias e máximas para empresas e famílias. Para grandes empresas, a taxa média é de 10,78%, a mediana é de 14,98% e, para pequenas empresas, a taxa é estimada em 23,80%. Para famílias, as taxas de juros aumentam para entre 24% e 26%.

Se a estimativa for em moeda estrangeira, para empresas, a taxa de juros fica em média entre 5,16 – 6,45%, enquanto para famílias, a taxa média fica entre 8,80 – 13,42%.

Tendências recentes

Entre as tendências mais significativas no mercado de crédito direto no Uruguai está o aumento da digitalização. Muitas instituições, tanto bancárias quanto financeiras, implementaram plataformas online que facilitam a solicitação e a aprovação de empréstimos, reduzindo o tempo de resposta. Por exemplo, algumas empresas permitem que os usuários simulem e solicitem empréstimos diretamente de seus sites, agilizando o processo para os consumidores. Essa tendência tem sido acompanhada pelo aumento do uso de tecnologias de avaliação de crédito, que permitem às instituições financeiras atender clientes com históricos de crédito limitados.

Outra tendência significativa é o crescimento dos empréstimos em moeda local, que passaram de 15% do total em 2015 para 52% em 2024. Essa desdolarização reflete uma maior confiança na estabilidade do peso uruguaio e nas políticas monetárias. No entanto, o mercado enfrenta desafios estruturais, como a alta concentração bancária e a falta de um mercado de capitais desenvolvido, o que limita as opções de financiamento para pequenas e médias empresas.

Por fim, o debate sobre a regulação das taxas de juros ganhou força. Projetos de lei apresentados por partidos como o Cabildo Abierto buscam estabelecer limites mais rígidos para taxas consideradas usurárias, embora essas iniciativas tenham enfrentado resistência do Banco Central da Argentina (BCU) e da Associação de Bancos Privados.

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