MADRI, 20 (EUROPA PRESS)
O senador colombiano Iván Cepeda, reconhecido como vítima no processo judicial contra o ex-presidente Álvaro Uribe, expressou sua discordância com o Tribunal Superior de Bogotá, que ordenou na terça-feira a libertação imediata do político conservador, condenado a 12 anos de prisão domiciliar, e apontou "pressão" de Uribe sobre os tribunais.
"Nós, vítimas deste processo, sempre respeitamos e acatamos as decisões judiciais. É claro que respeitamos esta, mas não a partilhamos", afirmou ela do Congresso, antes de garantir que tomará "medidas (...) mas com toda a calma e serenidade, respeitamos esta decisão".
Além disso, afirmou ter "plena certeza de que o ex-presidente condenado Álvaro Uribe vem realizando inúmeras ações para pressionar a justiça e fazer campanhas contra nós". Nesse sentido, lamentou a suspensão de sua prisão domiciliar, considerando-a uma medida "para nos proteger desse tipo de ação".
No entanto, ele observou que a decisão do tribunal, que revogou a prisão do ex-presidente "até" que se decida sobre o recurso interposto contra a sentença de primeira instância, "não significa a inocência do ex-presidente Uribe, nem que as acusações foram retiradas". "O processo continua, e os direitos das vítimas e a independência do judiciário devem ser garantidos", acrescentou.
O Tribunal Superior de Bogotá justificou sua decisão considerando que prevalece a presunção de inocência dos acusados e questionando as motivações da juíza Sandra Heredia ao impor a prisão domiciliar, qualificando esses critérios como "vagos, indeterminados e imprecisos, como a percepção pública, o efeito exemplar, a convivência pacífica e a ordem social, que são inadequados porque a natureza da conduta alegada aparentemente afetou indivíduos específicos, e não o conglomerado social em abstrato".
Além da prisão domiciliar, agora revogada, o ex-presidente foi condenado a mais oito anos de suspensão do cargo e a pagar uma multa de mais de 3,444 bilhões de pesos, o equivalente a 2.420 salários mínimos (aproximadamente 720.700 euros).
O juiz considera que o ex-presidente de 73 anos, que negou consistentemente os fatos e alegou ser vítima de perseguição política, instigou emissários a manipular testemunhas nas prisões do país para se beneficiar com seus depoimentos. Segundo a investigação, o advogado Diego Cadena teria tentado oferecer benefícios a vários ex-paramilitares para mudar sua versão sobre supostos vínculos entre o ex-presidente e seu irmão, Santiago Uribe, com paramilitares.
O caso começou em 2012, quando Uribe apresentou uma denúncia contra o senador Iván Cepeda, alegando que este havia percorrido as prisões do país para apresentar falso testemunho contra ele sobre a ascensão do paramilitarismo na região de Antioquia.
No entanto, após a apresentação das provas, várias versões indicaram que os advogados do ex-presidente estavam tentando manipular testemunhas para apontar o dedo para Cepeda, fazendo com que este passasse de acusado a vítima, diferentemente de Uribe, o autor, que passou a ser suspeito.