Colômbia entre violência, narcotráfico e disputas políticas rumo a 2026

por 24 de agosto de 2025

Em 21 de agosto de 2025, a cidade de Cali vivenciou um dos eventos mais devastadores da história recente: duas explosões deixaram pelo menos 20 mortos e dezenas de feridos. Os ataques foram atribuídos a dissidentes das FARC e reacenderam um medo que parecia estar desaparecendo na Colômbia, um medo que marcava o cotidiano de milhões de pessoas há mais de meio século.

Imagens de ruas destruídas e famílias em prantos viralizaram rapidamente nas redes sociais. Segundo o prefeito de Cali, Alejandro Eder, o ocorrido foi um ato terrorista que afeta diretamente a estabilidade do país. Em sua opinião, o governo nacional precisa agir com mais firmeza para coibir as organizações criminosas que controlam o narcotráfico.

Uma cidade sitiada pela violência

Um dos ataques ocorreu perto de uma base da Força Aeroespacial Colombiana. Apesar da gravidade dos eventos, o presidente Gustavo Petro não declarou estado de agitação interna no departamento, o que gerou críticas de diversos setores. O jornal El Tiempo chegou a mencionar uma disputa de poder entre os níveis nacional e regional, o que acaba prejudicando a população civil.

O governo anunciou que solicitará que gangues ligadas ao tráfico de drogas sejam reconhecidas internacionalmente como grupos terroristas. Isso visa permitir que sejam processadas por autoridades de outros países. No entanto, especialistas enfatizam que a medida chegou tarde demais: em junho, a mesma região já havia sofrido uma série de ataques contra delegacias de polícia e comunidades inteiras.

Eleições em meio ao medo

A Colômbia se aproxima das eleições presidenciais de maio de 2026 com um clima cada vez mais tenso. Após a ascensão histórica da esquerda ao poder com Petro, a direita busca retomar o controle. Somando-se à insegurança, a crise econômica está afetando os bolsos das famílias: o preço de produtos básicos como erva-mate, pão e leite está subindo implacavelmente, dificultando ainda mais o sustento.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) alertou que o problema não se limita ao narcotráfico. Massacres e assassinatos de líderes sociais também continuam. Somente entre janeiro e agosto de 2025, foram registrados 50 massacres, com 165 vítimas , muitas em cidades do Vale do Cauca, como Cali, Tuluá, Jamundí e Buga.

O assassinato de um pré-candidato

O cenário político se agravou ainda mais com o assassinato de Miguel Uribe Turbay, um jovem candidato à presidência. Ele foi ferido em um ataque em Bogotá e morreu dois meses depois. A Procuradoria-Geral da República descreveu o incidente como um assassinato, lembrando o assassinato do líder liberal Luis Carlos Galán em 1989.

Seu pai, Miguel Uribe Londoño, assumiu como candidato pelo partido Centro Democrático, um símbolo da direita. O evento teve um impacto profundo, não apenas pela perda de um jovem líder, mas também por reacender a perigosa mistura de armas e política na Colômbia.

O fator Uribe e a polarização

Soma-se a tudo isso a condenação em primeira instância do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, acusado de corrupção de testemunhas. Ele foi condenado a 12 anos de prisão, embora a pena tenha sido suspensa enquanto seu recurso tramita. O caso, aclamado como "o julgamento do século", intensificou a polarização: para alguns, trata-se de justiça; para outros, de perseguição política.

Nesse contexto, o governo Petro tenta sustentar seu projeto enquanto a violência se infiltra nos lares comuns. Famílias que antes se preocupavam em sobreviver agora também precisam lidar com o medo da violência bater à sua porta. A sombra do terrorismo mais uma vez lança sombras sobre um país que ainda busca a paz após décadas de conflito.

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