Moradia, emprego e crédito: o triplo dilema da classe média uruguaia

por 23 de setembro de 2025

A classe média uruguaia em 2025: ela está preparada para o novo ciclo econômico?

A classe média uruguaia representa mais de 60% da população e historicamente tem sido o motor social do país. Em 2025, esse segmento enfrentará um novo ciclo econômico que combina sinais de recuperação com desafios estruturais. Emprego formal, acesso à moradia, inflação e crédito são as questões que mais preocupam as famílias uruguaias pertencentes a essa classe.

Nos últimos anos, a classe média uruguaia tem sofrido uma pressão crescente sobre sua renda. Embora o PIB apresente crescimento moderado, a percepção pública reflete estagnação. O aumento das taxas de juros , o custo das cestas básicas e a dificuldade de acesso a empréstimos imobiliários têm gerado incerteza.

Educação e mobilidade social: uma oportunidade perdida?

Um dos pilares da classe média tem sido o acesso à educação pública. No entanto, a desconexão entre a formação acadêmica tradicional e as demandas do mercado de trabalho tem limitado a mobilidade social. Longos diplomas universitários contrastam com a demanda por habilidades técnicas e digitais.

Segundo dados do Ministério da Educação e Cultura , mais de 40% dos jovens que ingressam na universidade abandonam os estudos antes do terceiro ano. Esse número é preocupante, pois limita as possibilidades de ascensão social, especialmente para estudantes de classe média que não podem pagar por educação particular ou estudar no exterior.

Em resposta, o governo promoveu programas de formação dual, parcerias com empresas de tecnologia e bolsas de estudo para cursos de curta duração em áreas como logística, programação e design digital. Embora essas iniciativas apresentem resultados promissores, elas ainda não reverteram a tendência geral.

Habitação e crédito: o dilema estrutural

O acesso à casa própria continua sendo um dos principais desafios. A classe média uruguaia se vê presa entre aluguéis altos e hipotecas com requisitos difíceis de cumprir. O programa "Moradia Acessível 2025" busca amenizar essa situação, mas seu alcance ainda é limitado.

Além disso, o aumento do custo dos materiais de construção e a oferta limitada de terrenos urbanizáveis ​​nas áreas centrais dificultam o desenvolvimento de projetos habitacionais para a classe média. As cooperativas habitacionais, historicamente uma solução viável, enfrentam obstáculos burocráticos e falta de financiamento.

O que a classe média uruguaia espera do próximo governo?

Com as eleições nacionais se aproximando, os partidos políticos estão aprimorando suas propostas para conquistar o voto da classe média uruguaia . Segurança, educação, saúde e moradia são as principais prioridades. Este segmento será decisivo no segundo turno, e seu voto refletirá não apenas as preferências políticas, mas também as expectativas econômicas.

Pesquisas mostram que esse grupo prioriza a segurança no emprego, a redução de impostos sobre o consumo e a melhoria dos serviços públicos. Candidatos que se identificam com essas preocupações, sem cair em promessas vazias, podem consolidar uma base eleitoral sólida.

Consumo e qualidade de vida: uma classe média mais austera?

O consumo doméstico tem sido historicamente um indicador da saúde econômica da classe média uruguaia . No entanto, nos últimos anos, tem havido uma tendência para um consumo mais racional e austero. As famílias estão priorizando produtos essenciais, reduzindo despesas desnecessárias e adiando decisões como trocar de carro, trocar de eletrodomésticos ou sair de férias.

Esse comportamento não é apenas uma resposta à inflação acumulada, mas também a uma percepção de incerteza quanto ao futuro. Embora os indicadores macroeconômicos mostrem alguma estabilidade, o sentimento de vulnerabilidade persiste. A classe média uruguaia não se sente mais protegida de crises externas ou mudanças abruptas nas políticas públicas.

Além disso, a ascensão das compras online e o acesso a plataformas de comparação de preços mudaram os hábitos de consumo. Hoje, o consumidor uruguaio médio é mais exigente, mais informado e menos impulsivo. Isso representa um desafio para o comércio tradicional, que precisa se adaptar às novas formas de fidelização.

Saúde mental e estresse diário: o custo invisível

Um aspecto menos visível, mas cada vez mais relevante, é o impacto emocional enfrentado pela classe média. A classe média uruguaia vive sob pressão constante: manter o emprego, pagar as contas, manter a educação dos filhos e cuidar de parentes idosos. Essa carga diária, aliada à falta de tempo livre e ao estresse financeiro, levou a um aumento nas consultas psicológicas e no uso de medicamentos ansiolíticos.

Segundo dados do Ministério da Saúde Pública, as consultas de saúde mental aumentaram 18% entre 2022 e 2024, especialmente entre pessoas de 30 a 55 anos. Esse fenômeno reflete que o bem-estar da classe média não pode ser medido apenas em termos econômicos, mas também em termos de qualidade de vida emocional.

O que você acha? A classe média uruguaia está melhor ou pior do que há cinco anos? Compartilhe sua opinião e participe do debate.

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