Ciência.-Thansketch aumenta o fluxo de rios asiáticos de alta montanha.

por 14 de agosto de 2025

MADRI, 14 (EUROPA PRESS)

O rápido derretimento glacial está a aumentar o volume de água em pelo menos 10% dos rios de alta montanha da Ásia, incluindo rios importantes como o Yangtze, o Amu Darya e o Syr Darya.

De acordo com um novo estudo abrangente da região, os fluxos em partes desses rios a montante quase dobraram em uma década.

Comunidades que dependem dos rios para obter energia poderiam se beneficiar do aumento do fluxo, mas o excesso de sedimentos transportados pela água poderia obstruir a infraestrutura. O aumento está sendo observado atualmente especificamente nas porções a montante dos rios, mas as comunidades a jusante podem enfrentar as mesmas consequências, com o derretimento contínuo das geleiras.

Abrangendo o Himalaia e o Hindu Kush, além de rios caudalosos como o Yangtze, o Amarelo e o Indo, a Ásia Alta Montanhosa é uma região geográfica complexa que abastece cerca de dois bilhões de pessoas. Os rios são alimentados principalmente por geleiras, neve e água da chuva, mas os sistemas fluviais estão mudando devido às mudanças climáticas, que afetam a temperatura, a estação das monções e as secas. Pesquisas anteriores projetaram que as geleiras na Ásia Alta Montanhosa perderão entre 29% e 67% de sua massa total até 2100.

O novo estudo, publicado na AGU Advances, investigou como a quantidade de água que flui pelo rio mudou em decorrência do derretimento de geleiras e neve, bem como de mudanças na precipitação. Este é o primeiro estudo a analisar toda a cadeia de montanhas e seu rio, com foco no exame do impacto de cada trecho individual desses rios.

"O aumento da vazão dos rios oferece benefícios a curto prazo, como mais água para energia hidrelétrica e agricultura, mas também sinaliza aumento da perda de sedimentos e geleiras", afirmou Jonathan Flores, engenheiro da Universidade de Massachusetts e principal autor do estudo, em um comunicado. "Se essas geleiras continuarem a encolher, sua contribuição de água de degelo para os sistemas fluviais diminuirá, ameaçando a disponibilidade hídrica a longo prazo para as regiões a jusante."

A pesquisa mediu mais rios do que estudos anteriores e os dividiu em segmentos de 8 quilômetros, fornecendo resultados mais detalhados e personalizados.

Pesquisadores descobriram que 10% dos rios apresentaram aumento na vazão, ou seja, na quantidade de água que flui por eles, durante o período de estudo de 2004 a 2019. Em média, esses rios apresentaram um aumento anual de 8% no fluxo. Trechos maiores de rios, com mais de 1.000 metros cúbicos de água fluindo por segundo, como o Yangtze, apresentaram um aumento médio de mais de 2% ao ano. Aumentos a montante podem não se correlacionar com um aumento no fluxo a jusante, como é o caso de muitos dos rios medidos.

ESPADA DE DOIS GUMES

Os resultados mostram uma faca de dois gumes. Um aumento no consumo de água pode beneficiar a agricultura, a eletricidade e o consumo geral de água, mas um aumento no descarte de água está diretamente relacionado a um aumento na energia do rio, ou seja, à quantidade de sedimentos, como areia, lodo e cascalho, transportados pelo rio.

Sedimentos são naturais em cursos d'água, mas o aumento de sedimentos pode ter consequências. A elevação de sedimentos pode desacelerar o maquinário dentro de usinas hidrelétricas, acumular-se em represas usadas para armazenar água durante a estação seca e prejudicar ecossistemas fluviais com vida selvagem vulnerável.

"Habitats aquáticos naturais podem ser alterados por essa tendência crescente, e ecossistemas anteriormente estáveis ​​podem ser alterados e modificados", disse Flores. Os rios na parte ocidental da Ásia montanhosa são alimentados por geleiras, enquanto os rios no leste são abastecidos principalmente pela chuva. Como resultado, foram principalmente os rios ocidentais que sofreram um aumento na vazão, pois as mudanças climáticas estão acelerando o derretimento das geleiras.

Eles usaram mais de um milhão de imagens dos satélites Landsat e PlanetScope para rastrear mudanças nos rios, confirmando suas estimativas com medições de fluxo em vários pontos da região.

As informações coletadas são de código aberto e acessíveis a qualquer pessoa. À medida que se planeja a construção de novas barragens ou usinas hidrelétricas, essas informações podem ser usadas para aumentar a capacidade de captação de água das usinas, resultando em maior armazenamento de água ou aumento da capacidade elétrica.

"A maioria das infraestruturas hídricas, como barragens, é projetada com base em dados históricos", afirmou Flores em um comunicado. "Neste estudo, observamos tendências crescentes nos dados, o que pode ser um fator determinante na tomada de decisões, no planejamento e na otimização do projeto."

Das 1.600 barragens ou barragens planejadas medidas no estudo, 8% apresentaram aumento na capacidade de vazão, o que implica em maior movimentação de sedimentos pelas barragens. Flores explicou que o aumento de sedimentos poderia aumentar a pressão sobre as máquinas, que teriam que movimentar não apenas a água, mas também toda a areia e o solo que ela começa a acumular. Além disso, as barragens usadas para armazenar água durante a estação seca poderiam se encher de sedimentos, limitando sua capacidade.

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