MADRI, 13 (EUROPA PRESS)
Um novo estudo teórico do astrofísico Jonathan Tan, da Universidade da Virgínia, propõe uma nova estrutura para o nascimento de buracos negros supermassivos: as primeiras estrelas.
Esses misteriosos gigantes espreitam no centro da maioria das grandes galáxias, incluindo a nossa Via Láctea, e costumam ter milhões ou até bilhões de vezes mais massa que o Sol. Sua formação tem sido objeto de intenso debate, especialmente desde que o Telescópio Espacial James Webb (JWST) descobriu inúmeros buracos negros semelhantes em lugares distantes, datando de tempos tão remotos quanto o início do universo.
A teoria de Tan, conhecida como "População III.1", propõe que todos os buracos negros supermassivos se formam a partir dos restos das primeiras estrelas, as chamadas estrelas de "População III.1", as primeiras estrelas do universo que atingiram tamanhos enormes sob a influência da energia de um processo conhecido como aniquilação da matéria escura. Essa teoria previu muitas das descobertas recentes do JWST.
Em seu artigo, publicado no servidor de pré-impressão arXiv e em breve no The Astrophysical Journal Letters, Tan descreve outra previsão da teoria que pode lançar nova luz sobre as origens do universo.
"Nosso modelo exige que estrelas progenitoras supermassivas de buracos negros ionizem rapidamente o gás hidrogênio no universo, anunciando seu nascimento com flashes brilhantes que preenchem todo o espaço", disse Tan em uma declaração.
Curiosamente, essa fase adicional de ionização, que ocorre muito antes do que em galáxias normais, pode ajudar a resolver alguns quebra-cabeças e tensões recentes que surgiram na cosmologia, como a "Tensão de Hubble", a "Energia Escura Dinâmica" e a preferência por "Massas de Neutrinos Negativas", todos os quais desafiam o modelo padrão do universo.
É uma conexão que não foi prevista durante o desenvolvimento do modelo Pop III.1, mas pode ser extremamente importante.
ELOGIO EXTERNO
O estudo foi elogiado por Richard Ellis, um dos principais cosmólogos observacionais do mundo e professor de astrofísica na University College London, que dedicou décadas ao estudo da formação das primeiras galáxias e da primeira luz do universo.
"O Professor Tan desenvolveu um modelo elegante que poderia explicar um processo de duas etapas: o nascimento e a ionização das estrelas no início do universo", disse Ellis. "É possível que as primeiras estrelas tenham se formado em um breve e brilhante clarão e depois desaparecido, o que significa que o que estamos vendo agora com o Telescópio James Webb pode ser apenas a segunda onda. O universo, ao que parece, ainda reserva surpresas."