Ciência.-Cascata de gelo provoca recuo de geleiras na Groenlândia.

por 14 de agosto de 2025

MADRI, 14 (EUROPA PRESS)

O desprendimento de icebergs e a deriva subsequente estão fazendo com que o derretimento glacial se misture com águas subterrâneas mais quentes, agravando o recuo das geleiras da Groenlândia.

Uma equipe de pesquisa internacional, liderada por Dominik Gräff, pesquisador de geleiras da Universidade de Washington e afiliado à Cátedra de Glaciologia da ETH Zurique, usou tecnologia de fibra óptica para medir pela primeira vez como o impacto do desprendimento de gelo e a deriva subsequente impulsionam a mistura do derretimento glacial com águas subterrâneas mais quentes.

"Águas mais quentes aumentam a erosão causada pelo degelo induzida pela água do mar e erodem a base da parede vertical de gelo na borda da geleira. Isso, por sua vez, amplifica o desprendimento da geleira e a consequente perda de massa das camadas de gelo", afirmou Andreas Vieli, professor do Departamento de Geografia da UZH e coautor do estudo, em um comunicado. Esses novos insights sobre a dinâmica do gelo glacial e da água do mar aparecem na capa da última edição da Nature.

Como parte do projeto GreenFjord, a UZH e a Universidade da Groenlândia (UW) uniram-se a outras instituições suíças para conduzir um extenso estudo de campo sobre a dinâmica do desprendimento de geleiras. Pesquisadores instalaram um cabo de fibra óptica de dez quilômetros de extensão no fundo do mar, atravessando o fiorde da geleira Eqalorutsit Kangilliit Sermiat. Essa grande geleira de fluxo rápido no sul da Groenlândia libera cerca de 3,6 km de gelo no mar a cada ano — quase três vezes o volume da geleira do Rhône, na passagem da montanha Furka, na Suíça.

Os pesquisadores utilizaram uma tecnologia chamada Sensoriamento Acústico Distribuído (DAS), que detecta o movimento do solo monitorando a tensão nos cabos causada por rachaduras no gelo, queda de blocos de gelo, ondas oceânicas ou mudanças de temperatura. "Isso nos permite medir os diferentes tipos de ondas geradas após o desprendimento de icebergs", afirma o autor principal, Dominik Gräff, que concluiu seu doutorado na ETH Zurique.

Após o impacto inicial, ondas superficiais, conhecidas como tsunamis induzidos pelo desprendimento, espalham-se pelo fiorde, misturando inicialmente as camadas superiores de água. Como a água do mar nos fiordes da Groenlândia é mais quente e densa do que a água do degelo, ela afunda.

ONDAS SUBAQUÁTICAS QUE ATRAEM ÁGUAS MAIS QUENTES

Mas os pesquisadores também observaram outras ondas se propagando entre as camadas de densidade muito tempo depois do impacto, quando a superfície já havia se acalmado. Essas ondas subaquáticas, que podem atingir a altura de um arranha-céu, não são visíveis da superfície, mas prolongam a mistura das águas, trazendo um suprimento constante de água mais quente para a superfície. Esse processo aumenta o derretimento e a erosão na borda da geleira e impulsiona o desprendimento do gelo. "O cabo de fibra óptica nos permitiu medir esse incrível efeito de multiplicação do desprendimento, algo que não era possível antes", diz Gräff. Os dados coletados ajudarão a documentar os processos de desprendimento de icebergs e a melhorar nossa compreensão da perda acelerada de camadas de gelo.

Os cientistas há muito reconhecem a importância da dinâmica da água do mar e do parto. No entanto, medir processos relevantes in situ apresenta desafios consideráveis, visto que o grande número de icebergs ao longo dos fiordes representa um risco constante de queda de blocos de gelo. Além disso, os métodos convencionais de sensoriamento remoto por satélite não conseguem penetrar abaixo da superfície da água, onde ocorrem as interações entre as geleiras e a água do mar. "Nossas medições anteriores muitas vezes apenas arranharam a superfície, então uma nova abordagem era necessária", diz Andreas Vieli.

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