O governo central da Argentina e o de Buenos Aires trocam acusações sobre possíveis responsabilidades.
MADRI, 21 (EUROPA PRESS)
O presidente chileno, Gabriel Boric, enviou o ministro do Interior, Álvaro Elizalde, a Buenos Aires devido aos "graves" distúrbios ocorridos ontem à noite nas arquibancadas do estádio Libertadores da América, que sediou o jogo da Copa Sul-Americana entre Independiente e Universidad de Chile.
Boric anunciou nesta quinta-feira que, diante do "linchamento inaceitável" sofrido por alguns de seus compatriotas, instou o Ministro do Interior a viajar à capital argentina para acompanhar pessoalmente a situação dos feridos, bem como a dos quase 100 chilenos detidos.
"Não há justificativa para a violência, de nenhum lado, e protegeremos os direitos de nossos cidadãos sem prejuízo de quaisquer responsabilidades que possam ser estabelecidas pela justiça", disse o presidente chileno em X. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Chile, 19 cidadãos chilenos estão hospitalizados e 101 permanecem detidos devido aos distúrbios.
O jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana entre Independiente e Universidad de Chile, disputado nesta quarta-feira, teve que ser suspenso assim que a bola começou a rolar no segundo tempo devido a confrontos violentos que ocorreram nas arquibancadas e deixaram cerca de vinte pessoas feridas, algumas gravemente.
Boric já havia se manifestado horas antes, após o incidente nas arquibancadas do estádio do Independiente, culpando tanto os torcedores violentos quanto os responsáveis pela segurança do estádio pelo ocorrido. "A justiça precisa determinar os responsáveis", disse ele também na plataforma de mídia social mencionada.
No momento dos distúrbios, a partida estava empatada em 1 a 1 e a Universidade do Chile vencia por 2 a 1 no placar agregado.
ACUSAÇÕES CRUZADAS NA ARGENTINA
Em comunicado, o Ministério da Segurança Nacional da Argentina denunciou este como "um dos incidentes mais graves da história do futebol argentino" e anunciou medidas "imediatas" para punir os responsáveis e processá-los criminalmente. No entanto, observou em comunicado que, politicamente, a responsabilidade recai sobre a administração de Buenos Aires, controlada pela oposição.
Nesse sentido, o governo de Javier Milei detectou "falhas graves" no sistema de segurança e criticou a polícia por receber ordens de "não intervir", o que "prolongou a violência descontrolada e resultou em uma tragédia". "A ordem e a segurança dos argentinos não podem ser subordinadas à especulação política ou aos interesses eleitorais", acrescentou.
O ministro da Segurança de Buenos Aires, Javier Alonso, porém, afirmou que a funcionária da segurança nacional, Patricia Bullrich, "sempre mente". Ele afirmou em uma mensagem na rede social X que a segurança dentro do estádio é de responsabilidade exclusiva do Club Independiente, como organizador, e da CONMEBOL.
O clube, por sua vez, culpou o time visitante pelo surto de violência, apesar de "ataques inaceitáveis de grupos locais" também terem ocorrido posteriormente. O time, que afirmou que a operação de segurança "cumpriu integralmente as normas vigentes e os requisitos estipulados para este tipo de competição", prometeu total cooperação com a investigação.