MADRI, 19 (EUROPA PRESS)
O governo brasileiro pediu na segunda-feira às autoridades dos EUA que reconsiderem a abertura de uma investigação sobre as práticas comerciais do país ibero-americano, uma decisão anunciada por Washington em meados de julho após impor tarifas de 50% sobre Brasília, no que as autoridades brasileiras consideram alegações "inadmissíveis".
O Itamaraty fez o pedido em relatório enviado nesta segunda-feira ao Departamento do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), que "comprova que as políticas brasileiras sob investigação são transparentes, não discriminatórias e atendem integralmente às melhores práticas internacionais e às obrigações do país perante a Organização Mundial do Comércio (OMC)".
Por esse motivo, o Ministério da Relações Exteriores do Brasil instou as autoridades americanas a optarem pelo diálogo: "O Brasil permanece aberto a consultas e reafirma seu compromisso de resolver as preocupações comerciais por meios cooperativos e legais".
No entanto, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que não reconhece "a validade ou jurisdição" de uma ação tomada pelo governo Donald Trump fora da OMC.
Em meados de julho, o governo dos EUA anunciou que estava abrindo uma investigação sobre as práticas comerciais do Brasil para determinar se elas restringem injustamente as exportações dos EUA para o país sul-americano em seis áreas: comércio digital, tarifas preferenciais injustas, aplicação de leis anticorrupção, proteção à propriedade intelectual, comércio de etanol e desmatamento ilegal.
O USTR alega, entre outras coisas, que "o Brasil pode prejudicar a competitividade de empresas norte-americanas que operam nesses setores, por exemplo, retaliando contra elas por não censurarem o discurso político", referindo-se à decisão da Suprema Corte do país sul-americano no final de junho, que responsabiliza as plataformas de mídia social por postagens ilegais feitas por seus usuários.
Enquanto isso, o Bureau de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado destacou o juiz Alexandre de Moraes — que impôs restrições à atividade de plataformas de mídia social dos EUA no país latino-americano e também é o relator no caso de golpe contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — afirmando que "ele é tóxico para todas as empresas e indivíduos legítimos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados".
Em comunicado divulgado em sua conta de mídia social X, a agência norte-americana também defendeu que "nenhum tribunal estrangeiro pode invalidar sanções americanas ou isentar alguém das consequências graves de violá-las" e alertou que "pessoas não americanas devem agir com cautela: aqueles que fornecem apoio material a violadores de direitos humanos enfrentam riscos de sanções".