Tolosa: "Espero que o Uruguai fique muito mais caro" e gera polêmica

por 22 de setembro de 2025

Tolosa: aumento de preços, crescimento: a frase que agitou o debate económico

Tolosa, "aumento de preços, crescimento", foi a combinação de palavras que gerou polêmica no Uruguai. , o presidente do Banco Central, Guillermo Tolosa, declarou: "Espero que o Uruguai fique muito mais caro", associando essa ideia ao progresso econômico do país.

As declarações de Tolosa sobre a suposta ligação entre o aumento dos preços e o desenvolvimento econômico não passaram despercebidas. A proposta imediatamente gerou críticas entre especialistas, que alertam que aumento de preços nem sempre é sinônimo de progresso.

TOLOSA

Tolosa não se limitou a uma declaração pontual. Em sua apresentação, ele defendeu um plano para desdolarizar a economia, promover o uso do peso e revalorizá-lo como moeda de poupança, consumo e investimento. No entanto, o que mais repercutiu foi o conceito de que um país "mais caro" pode ser sinônimo de prosperidade. Há algum fundamento para essa afirmação? Ou estamos lidando com uma justificativa para a inflação disfarçada de crescimento?

Preços altos como sinal de desenvolvimento?

De uma perspectiva teórica, Tolosa argumentou que, se os salários aumentam junto com os preços, o país está crescendo. Em outras palavras, se o aumento de preços ocorre como resultado do aumento da atividade econômica e da demanda sustentada, isso pode ser interpretado como um sinal positivo.

Mas essa interpretação, para muitos economistas, ignora um ponto-chave: no Uruguai, os aumentos de preços tendem a superar os da renda. Os reajustes salariais são tardios ou insuficientes, resultando em perda de poder de compra, especialmente entre as faixas de renda média e baixa.

Além disso, o aumento dos preços de um país pode não ser devido à riqueza, mas sim à inflação estrutural, impostos elevados ou distorções cambiais. Portanto, a ligação entre aumento de preços e crescimento não é automática, nem universal.

O plano do Banco Central: menos dólares, mais pesos

Além da frase polêmica, Tolosa anunciou uma série de medidas destinadas a fortalecer o peso uruguaio em relação ao dólar. Entre elas estão:

  • Eliminar benefícios fiscais para investimentos no exterior.

  • Estabelecer encargos adicionais sobre empréstimos em dólar para empresas que atuam apenas no mercado interno.

  • Promover contas em pesos com instrumentos indexados à inflação (UI) para dar estabilidade à poupança.

  • preços duplos e dólares para incentivar o uso da moeda local.

A intenção é clara: reverter o padrão de poupança em moeda estrangeira, que, segundo o Banco Central do México (BCU), gera volatilidade e dependência externa. No entanto, a transição não será fácil se os cidadãos não perceberem que seu dinheiro em pesos rende ou se preserva ao longo do tempo.

Tolosa: Aumento de preços e crescimento: O presidente do Banco Central defendendo o aumento de preços como um indicador econômico durante uma conferência no Uruguai.

Reações: entre o ceticismo e o alerta

A frase "Espero que o Uruguai fique mais caro" foi, para muitos, um tiro no pé. Aqueles que rejeitam essa visão argumentam que o país já é um dos mais caros da região, com altos preços de bens básicos, combustíveis e serviços. Associar isso ao progresso, dizem eles, não faz sentido se não houver melhorias tangíveis na qualidade de vida.

Alguns setores técnicos alertaram que a mensagem poderia ser mal interpretada e levar a políticas que consolidassem a inflação como parte do modelo, em vez de combatê-la. O discurso chegou a ser vinculado a uma "narrativa oficial" que busca justificar o aumento da carga fiscal com uma narrativa otimista, ainda que distante dos dados reais .

O que os números dizem?

Durante o último governo da Frente Ampla , segundo algumas estimativas, o PIB caiu ligeiramente. O atual governo também não conseguiu alcançar saltos significativos de crescimento, além de alguma recuperação pós-pandemia. Nesse contexto, qualquer discurso que fale de "crescimento" deve ser lido com lupa e contexto.

Ao mesmo tempo, o poder de compra médio tem sofrido com a inflação acumulada, uma taxa de câmbio pouco competitiva e a perda de confiança na moeda nacional. É difícil falar em um aumento saudável dos preços quando muitos uruguaios estão com dificuldades para sobreviver.

Conclusão

Tolosa: aumento de preços e crescimento : três palavras que, combinadas, geram debate. Um país pode ficar mais caro e crescer ao mesmo tempo? Talvez sim, mas somente se esse aumento de preços vier acompanhado de maiores rendas reais, aumento de produtividade e maior bem-estar para todos.

Sem essas condições, o que resta é apenas uma inflação mal disfarçada. E isso, longe de ser progresso, é regressão com outro nome.

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