Ataque ao promotor Ferrero é um mau sinal, admitiu Yamandú Orsi
O presidente Yamandú Orsi afirmou nesta segunda-feira que o ataque ao promotor Ferrero constitui "um péssimo sinal" para o país. O presidente falou em entrevista coletiva após se reunir com Mónica Ferrero, promotora do Supremo Tribunal, e autoridades do Interior, da Defesa e da Presidência.
A reunião contou com a presença do ministro do Interior, Carlos Negro, da ministra da Defesa, Sandra Lazo, do secretário da Presidência, Alejandro Sánchez, do subsecretário Jorge Díaz e do diretor da Secretaria de Inteligência, Mario Layera.
Ataque ao promotor Ferrero e respostas do governo
Orsi afirmou que quando um incidente dessa magnitude ocorre, "ele deve ser reconhecido". Ele observou que este é um evento que exige medidas extremas de proteção para aqueles que podem ser considerados alvos do crime organizado.
"O ataque ao promotor Ferrero demonstra que precisamos fortalecer as medidas de proteção e melhorar as condições de trabalho, tanto para o Ministério Público quanto para os policiais em campo", disse ele.
O presidente esclareceu que a resposta não se limita ao orçamento , embora tenha reconhecido que os recursos são essenciais. Ele enfatizou a necessidade de aprimorar a tecnologia e a inteligência para servir à prevenção e à investigação.
Apoio institucional e progresso na pesquisa
Na conferência, Orsi reiterou seu apoio "claro e firme" ao Promotor Ferrero e ao Ministério Público como um todo. Ele também destacou o trabalho policial, que, segundo ele, levou a um progresso significativo na identificação dos responsáveis, embora a investigação ainda esteja em andamento.
O presidente anunciou que medidas específicas diretamente relacionadas ao ataque serão implementadas em algumas áreas do país. Ele também enfatizou que o incidente destaca a necessidade urgente de fortalecer os recursos tecnológicos para a segurança pública.
Medidas políticas e legislativas
O presidente pediu ao Parlamento que acelere a aprovação da lei contra lavagem de dinheiro e que se envolva em discussões aprofundadas sobre o assunto. Para Orsi, o combate ao narcotráfico exige "serenidade e discrição" e deve ser sustentado por trabalho constante, e não por declarações públicas.
"Prefiro responder com muito trabalho e talvez com bem menos declarações", concluiu, ressaltando que a estratégia oficial será voltada para o fortalecimento da investigação e prevenção do crime organizado.
Debate e repercussões
O ataque ao promotor Ferrero marcou uma virada na discussão sobre segurança e institucionalidade no Uruguai. Para diversos especialistas em criminologia e políticas públicas, tais incidentes não visam apenas intimidar autoridades judiciais, mas também enviar uma mensagem ao Estado como um todo.
A coletiva de imprensa de Orsi, realizada após várias horas de discussões com os ministérios do Interior, da Defesa e da Presidência, deixou claro que o governo vê o incidente como uma ameaça direta do crime organizado. De fato, em suas declarações, ele insistiu que o combate ao narcotráfico exige o fortalecimento do trabalho de inteligência e não se limita a respostas orçamentárias.
Enquanto isso, fontes da Procuradoria-Geral da República indicaram que o incidente teve um impacto negativo no moral interno, embora também tenha gerado um apoio crescente a Ferrero. Autoridades de vários departamentos entraram em contato com a promotora para apoiá-la e solicitar maiores medidas protetivas em casos delicados ligados a redes de drogas.
Impacto social e político
No plano político, o ataque ao procurador Ferrero reacendeu o debate parlamentar. Enquanto o partido no poder anunciava sua disposição de acelerar a aprovação da lei antilavagem de dinheiro, a oposição fazia apelos pelo comparecimento de autoridades de segurança e exigia um plano abrangente contra o crime organizado.
Nos bairros, a situação é preocupante. Moradores entrevistados em Colón e áreas próximas expressaram medo com a escalada da violência e a possibilidade de novos incidentes. "Se isso acontecer com um promotor, o que sobrará para as pessoas comuns que andam de ônibus ou fazem bicos para sobreviver?", comentou um comerciante local.
O episódio também relembrou outros ataques ocorridos na última década, em que policiais ou funcionários do Judiciário foram alvos de ameaças ou ataques vinculados ao tráfico de drogas. Segundo analistas, esses incidentes demonstram que organizações criminosas buscam influenciar a ação do Estado por meio da intimidação direta.
O governo, por sua vez, insiste que a resposta deve ser sustentada ao longo do tempo e coordenada com todas as instituições. Orsi enfatizou a necessidade de calma, mas, ao mesmo tempo, anunciou "respostas concretas" em áreas específicas, o que antecipa operações direcionadas.
O ataque ao promotor Ferrero não é apenas um ato criminoso sob investigação, mas também um ponto de inflexão no debate sobre segurança, justiça e fortalecimento institucional no Uruguai.