Em entrevista à rádio, o senador Sebastián Da Silva questionou duramente a compra da fazenda María Dolores.
O senador Sebastián Da Silva questiona duramente a compra da fazenda María Dolores pelo Instituto Nacional de Colonização e exige que o governo interrompa uma operação multimilionária que ele considera "um capricho ideológico sem planejamento".
O senador Sebastián Da Silva criticou a compra da fazenda María Dolores, citando falta de avaliação técnica, possível superfaturamento e uma orientação política ligada ao legado de José Mujica. Foto: Dante Fernandez / FocoUy
Durante uma entrevista de rádio, o legislador branco criticou a falta de uma avaliação técnica séria e denunciou que o campo, avaliado em mais de 32 milhões de dólares, não beneficiará os colonos, mas sim grandes
Em uma longa entrevista nesta segunda-feira, o senador nacionalista Sebastián Da Silva criticou duramente a compra da fazenda María Dolores pelo Instituto Nacional de Colonização. A aquisição, avaliada em US$ 32,5 milhões , gerou polêmica devido à suposta falta de estudos técnicos adequados e ao que Da Silva descreveu como um "capricho tupamaro para honrar a memória de Mujica".
O legislador argumentou que o Artigo 170 da Constituição autoriza o Poder Executivo a fiscalizar as despesas das entidades autônomas e instou o Presidente da República a suspender a operação. "Estamos diante de uma despesa não planejada. Ninguém no governo se deu ao trabalho de ir inspecionar o campo", afirmou.
Da Silva relatou que a avaliação do terreno foi realizada com imagens de drones e sem inspeção no local por autoridades ou técnicos qualificados. "Já trabalhei com entregas de sistemas de irrigação, e cada pivô é um problema. Não se pode avaliar um sistema de irrigação em milhões de dólares com um drone", disse ele.
Segundo o senador, a compra da fazenda não beneficia diretamente os produtores rurais: "É uma área indivisível, com um sistema de irrigação difícil de manejar e caro. Não há como distribuir entre os produtores sem criar desigualdade."
Ele também alertou que os recursos poderiam ter sido melhor aproveitados: "Com 32 milhões de euros, é possível comprar 10.000 hectares de terras produtivas em outras áreas do país. E há milhares de famílias de colonos ainda esperando por um poço ou uma fossa séptica."
Da Silva também rejeitou o argumento oficial de impedir a propriedade estrangeira de terras: "O comprador era uruguaio, um produtor com histórico e apoio financeiro. A retórica contra a propriedade estrangeira cai por terra quando se olha para o que aconteceu durante os governos Mujica e Vázquez."
Para o legislador branco, o verdadeiro destino do campo não será uma colônia de pequenos produtores, mas sim acabar sob a administração de sindicatos poderosos. "Eles vão transformá-lo em uma fazenda de criação ou em um centro leiteiro para sindicatos como a Associação Nacional dos Produtores de Leite. E lá não há pobres", afirmou.
Por fim, Da Silva criticou o silêncio do partido governista: "Ninguém está explicando nada. Nem o Ministro Fratti, nem o Instituto. Estou disposto a lutar essa luta sozinho, se necessário, porque esta é uma decisão ruim e um desperdício que o Uruguai não pode se dar ao luxo de perder."