Várias agências e órgãos das Nações Unidas pediram um cessar-fogo "imediato" na Faixa de Gaza na sexta-feira, após a declaração de fome da organização, que denunciou que mais de meio milhão de pessoas estão enfrentando a fome no enclave palestino.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) enfatizaram a "necessidade urgente de tomar medidas para lançar uma resposta humanitária em larga escala à situação que está piorando", o que pode se estender a outras áreas da Faixa de Gaza.
"A fome deve ser interrompida a todo custo. Um cessar-fogo imediato é necessário para pôr fim a este conflito e salvar vidas", disseram eles em uma declaração conjunta expressando sua preocupação com a nova operação militar israelense na área.
Eles indicaram que isso "só gerará consequências devastadoras para os civis que já enfrentam uma situação de fome". "Muitas pessoas podem achar impossível evacuar certas áreas", alertaram, afirmando que, até setembro, mais de 640.000 pessoas poderão estar na fase de fome — a fase 5 do PCI, que classifica a segurança alimentar.
Mais 1,14 milhão de pessoas no país estarão na Fase 4, a apenas um passo de cair na fome, mas também em situação de emergência máxima, de acordo com esses dados.
Quase 98% das áreas agrícolas de Gaza estão danificadas ou inacessíveis, e uma média de nove em cada dez pessoas tiveram que abandonar suas casas devido aos ataques israelenses. Além disso, os preços dos alimentos estão significativamente altos e o enclave carece de combustível ou água suficientes para cozinhar.
"A população de Gaza esgotou todos os meios de sobrevivência. A fome e a desnutrição ceifam vidas todos os dias, e a destruição de terras agrícolas (...) tornou a situação ainda mais grave", alertou o Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu. "Nossa prioridade agora deve ser fornecer acesso sustentado e seguro à ajuda. O acesso à alimentação básica não é um privilégio, é um direito", acrescentou.
A diretora executiva do PMA, Cindy McCain, disse que os alertas de fome "são claros há meses". "O urgente é aumentar o fluxo de alimentos para ajudar os mais vulneráveis", afirmou ela.
Por sua vez, a Diretora Executiva do UNICEF, Catherine Russell, enfatizou que a fome é "uma realidade para as crianças na província de Gaza e uma ameaça em Deir al-Bala e Khan Yunis". "Não podemos perder tempo. Sem um cessar-fogo, a fome continuará a se espalhar e mais crianças morrerão", explicou.
Da OMS, o Diretor-Geral Tedros Adhanom Ghebreyesus esclareceu que pôr fim aos ataques é "um imperativo". "O mundo está esperando há muito tempo, assistindo a mortes desnecessárias causadas pela fome. (...) O sistema de saúde, composto por pessoas famintas e cansadas, não aguenta mais", disse ele.
"Os hospitais precisam ser protegidos para que possam continuar tratando os pacientes. Os bloqueios precisam acabar e a paz precisa ser restaurada para que a população possa começar a se recuperar", concluiu.