Infosalus.- A FEFE alerta que a transferência de medicamentos por veterinários pode comprometer a segurança do sistema.

por 14 de agosto de 2025

MADRI, 13 (EUROPA PRESS)

O diretor do Observatório de Medicamentos da Federação Espanhola de Empresas Farmacêuticas (FEFE), Enrique Granda, alertou que a transferência de medicamentos por veterinários, aprovada pelo Congresso como parte da Lei que cria a Agência Estatal de Saúde Pública, pode comprometer a segurança do sistema.

Isso foi afirmado no último editorial do Observatorio del Medicamento (Observatório do Medicamento), que argumenta que a dispensação não se resume a entregar uma caixa de comprimidos, mas também envolve rastreabilidade, controle de medicamentos, farmacovigilância e assessoria profissional, elementos que são parte "inseparável" do trabalho do profissional farmacêutico.

"A aprovação da emenda à Lei que institui a Agência de Saúde Pública, que introduz o conceito de 'cessão' de medicamentos veterinários, foi recebida com entusiasmo pela comunidade veterinária. No entanto, cabe esclarecer que esta emenda não lhes concede carta branca nem altera os princípios essenciais que regem a dispensação de medicamentos em nosso país", afirmou.

Nesse sentido, reiterou que a farmácia foi e continua sendo uma "garantia" da qualidade, segurança e legalidade no fornecimento de medicamentos, incluindo os destinados a animais. Dessa forma, atua como uma "barreira protetora" contra práticas que "podem colocar em risco a saúde pública".

"Tentar substituir esse modelo por um sistema de 'dispensação oculta' em consultórios veterinários desconsidera tanto a legislação vigente quanto o papel profissional dos farmacêuticos", afirmou.

Granda observou que a introdução da concessão veterinária não revoga nem a Lei de Garantias e Uso Racional de Medicamentos e Dispositivos Médicos nem o Decreto Real 1157/2021, que regulamenta o quadro jurídico dos medicamentos veterinários. Como ele explicou, a Espanha define clínicas veterinárias como centros de saúde sujeitos a registro, inspeção e controle sanitário, e não como estabelecimentos varejistas de venda de medicamentos.

Por isso, ele enfatizou que tentar padronizar uma prática que até então só era tolerada fora dos canais legais é uma "interpretação abusiva". Ele também alertou que o argumento de que transferências em níveis separados evitarão o desperdício de drogas não justifica esse modelo, "o que confunde responsabilidades".

Embora tenha defendido a colaboração entre médicos, farmacêuticos e veterinários sob a ótica da "Saúde Única", Granda afirmou que essa emenda não encerra o debate, mas abre uma "etapa de monitoramento" e, se necessário, "impugnação perante os órgãos administrativos e judiciais competentes". "A concessão veterinária não pode se tornar sinônimo de livre venda ou álibi para consolidar práticas irregulares", enfatizou.

"A profissão farmacêutica continuará a defender seu papel, não por interesse corporativo, mas porque disso dependem a segurança dos tratamentos, o controle da resistência antimicrobiana e o cumprimento das regulamentações que protegem a saúde pública. A tradição, a lei e a experiência nos apoiam", enfatizou.

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