Infosalus.- A Espanha reafirma sua liderança global em doação de órgãos com 2.562 doadores após a morte, 5% do total global.

por 14 de agosto de 2025

MADRI, 14 (EUROPA PRESS)

A Espanha reafirmou sua liderança global em doação de órgãos de pessoas falecidas, com 2.562 doadores em 2024, representando 24% das doações na União Europeia (UE) e 5% das registradas em todo o mundo. Isso é notável considerando que a Espanha representa apenas 11% da população europeia e 0,6% da população mundial.

Isso fica evidente no último relatório do Observatório Mundial do Registro de Doação e Transplante, administrado pela Organização Nacional de Transplante (ONT), que indica que a Espanha registrou uma taxa de 53,9 doadores falecidos por milhão de habitantes (pmp), seguida pelos Estados Unidos, com 49,7 doadores pmp.

Do total de doações, a Espanha realizou um total de 6.463 transplantes, o que representa uma taxa de 136,1 transplantes pmp, número superado apenas pelos Estados Unidos, com 143,2 transplantes pmp e um total de 48.935 operações.

O Ministério da Saúde especificou que a diferença nas taxas de transplante entre os dois países se deve ao fato de os Estados Unidos terem uma maior taxa de doações em vivos e seu diferente perfil de doador falecido, que é mais jovem e frequentemente morre por causas evitáveis.

TAMBÉM LÍDER EM ASSISTOLIA

O relatório do Observatório Global sobre Doação e Transplante destaca que 173.286 transplantes de órgãos foram realizados no mundo no ano passado, o que representa um aumento de dois por cento em relação à atividade registrada em 2023. Esse recorde se deve à expansão da doação por assistolia, que ocorre após a morte por parada cardiorrespiratória, que aumentou 17 por cento.

Em relação à contribuição da Espanha nessa área, o país liderou novamente com 1.316 doadores sem batimentos cardíacos e uma taxa de 27,7 por milhão de habitantes (pmp). Assim, contribuiu com 50% dos doadores sem batimentos cardíacos na União Europeia (UE) como um todo e 10% em todo o mundo.

Em relação à atividade de transplante em assistolia, a Espanha também se repetiu como referência, com uma taxa de 59,8 intervenções pmp, seguida pelos Estados Unidos e Holanda, que realizaram 38,1 e 38,0 transplantes pmp deste tipo, respectivamente.

A Diretora-Geral da ONT, Beatriz Domínguez-Gil, destacou a "posição privilegiada" da Espanha no mundo. "Mais uma vez, por mais de três décadas consecutivas, a Espanha liderou o mundo em doação de órgãos, na taxa de doadores por milhão de habitantes, e também desfruta de uma posição absolutamente privilegiada em termos de acesso à terapia de transplante", enfatizou.

Por sua vez, a Ministra da Saúde, Mónica García, expressou seu compromisso em continuar a aprimorar o sistema de transplantes, que, segundo ela, deve ser um "grande motivo de orgulho" para a Espanha, e em apoiar a inovação. Ela enfatizou que este sistema, juntamente com a solidariedade da população e o "excelente" trabalho dos profissionais de saúde, permite à Espanha alcançar a liderança global.

ATIVIDADE MUNDIAL

Dos 173.286 transplantes registrados nos 91 países que forneceram seus dados, 110.021 foram transplantes de rim (37% de doadores vivos); 42.494 foram transplantes de fígado (23% de doadores vivos); 10.286 foram transplantes de coração; 8.236 foram transplantes de pulmão; 2.075 foram transplantes de pâncreas; e 174 foram transplantes intestinais. Assim como em 2023, o maior aumento foi registrado nos transplantes de pulmão, que cresceram 6%, seguidos pelos transplantes de fígado (5%), cardíacos (2%) e de pâncreas (2%).

Esses procedimentos foram possíveis graças às 47.175 pessoas que doaram seus órgãos após a morte e às 50.588 que doaram um órgão em vida (40.706 rins, 9.864 fígados e 18 pulmões).

Em relação à doação não cardíaca, foram registradas 13.366 intervenções, número que representa quase 30% dos doadores falecidos em todo o mundo. Vale ressaltar que esse tipo de doação foi realizado apenas em 26 países devido à falta de estruturas regulatórias adequadas e à sua complexidade técnica.

Doadores em assistolia possibilitaram 27.373 transplantes de órgãos de todos os tipos. Considerando a tecnologia necessária para garantir resultados adequados, o crescimento progressivo dos transplantes cardíacos em assistolia é notável, passando de 823 procedimentos em 2023 para 1.073 em 2024. Esses transplantes foram realizados na Austrália, Áustria, Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Itália, Reino Unido e Suíça, sendo 101 deles na Espanha (9%).

ATIVIDADE NA UE

A doação e o transplante nos 27 países da UE atingiram níveis recordes novamente em 2024. Com 10.847 doadores falecidos e 3.581 doadores vivos, 32.222 transplantes de órgãos foram realizados na UE no ano passado. O aumento tanto na doação quanto no transplante foi superior a 5% em comparação com a atividade registrada em 2023.

Juntamente com a Espanha, Portugal (36,7), a República Tcheca (34,3) e a Bélgica (32,6) lideraram a lista em termos de taxas de doadores por mês, enquanto a média da UE foi de 24,2. No topo da lista de transplantes estão Espanha, França (93,1 por mês), Bélgica (92,6) e Holanda (91,4), com uma média para todos os países da UE de 72,0.

Apesar do crescimento observado, em 31 de dezembro de 2024, 52.538 pacientes na UE estavam na lista de espera para um transplante de órgão. De acordo com dados do Observatório Global, nove pacientes morriam todos os dias na UE enquanto aguardavam um transplante.

ESTABILIDADE NA AMÉRICA LATINA

Enquanto isso, a América Latina, com a qual a Espanha colabora há 20 anos dentro da Rede/Conselho Ibero-Americano de Doação e Transplante (RCIDT) por meio de assessoria técnica e capacitação de profissionais de saúde em coordenação de transplantes por meio do Programa Aliança, manteve uma situação muito estável após o crescimento observado em 2023.

Em 2024, a região registrou 6.023 doadores falecidos (9,9 pmp). Foram realizados 17.432 transplantes de órgãos (28,6 pmp). O país com maior atividade de doação foi o Uruguai, com 19,7 doadores pmp, seguido pela Argentina e pelo Brasil, com 17,4 e 17,3 doadores pmp, respectivamente. A Argentina, com 36 doadores sem batimentos cardíacos, consolidou-se como referência nesse tipo de doação na região.

Em todo o mundo, o relatório destaca o volume de transplantes realizados na China e na Índia. Na China, foram realizados 24.684 transplantes (17,2 pmp), principalmente de doadores falecidos. Já na Índia, foram realizados 18.911 transplantes de órgãos (13,1 pmp), com predomínio de doadores vivos.

Outros países com volume significativo de transplantes foram Brasil (8.910; 40,9 pmp), Turquia (5.268; 61 pmp), Reino Unido (4.637; 68,2 pmp), República da Coreia (3.357; 64,9 pmp), Canadá (3.243; 82,9 p.mp) e México (3.080; 23,8 p.mp).

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