A Espanha também pediu que não continuassem

por 1º de outubro de 2025

As coisas estão esquentando no Mediterrâneo, e não é por causa do calor do verão que se aproxima. O clima está mais acalorado do que nunca com o cabo de guerra entre o governo israelense e os membros da Flotilha Global Sumud, uma caravana de barcos que, contra todas as probabilidades, tenta chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária. A tensão pode ser cortada com uma faca, e de Jerusalém eles já definiram seu curso com um aviso que soou alto e claro. Foi o próprio Ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, quem assumiu a liderança nesta quarta-feira, pedindo-lhes, quase implorando, que recuassem. Ele não o fez casualmente, mas sim obteve o apoio de vários países europeus, como se quisesse deixar claro que eles não estão sozinhos nessa luta.

Em uma mensagem que não deixou margem para dúvidas, publicada em suas redes sociais, Saar falou diretamente à flotilha. "A Espanha também pediu que vocês não sigam o curso deles", enfatizou, colocando o peso de um grande governo europeu sobre a mesa. Mas não parou por aí. Ele também mencionou uma declaração conjunta emitida algumas horas antes pelos governos da Itália e da Grécia, dois países com costas no mesmo mar onde esse drama se desenrola. A estratégia é clara: mostrar que isso não é um capricho de Israel, mas uma preocupação compartilhada por vários atores da região. Eles querem isolar a flotilha, pintá-la como um grupo teimoso que não ouve a razão, nem mesmo de seus próprios vizinhos.

Saar foi mais longe, chamando toda a ação de "provocação Hamas-Sumud", colocando a organização palestina no centro da questão e retirando-lhe o caráter puramente humanitário que os ativistas reivindicam. "Há apelos de todos os lugares para que essa provocação cesse", insistiu o ministro, como se dissesse que o mundo inteiro está pedindo que parem. Para ele e seu governo, a intenção subjacente não é entregar alimentos ou remédios, mas gerar um conflito político e midiático. É um cabo de guerra, com cada lado tentando impor sua versão dos fatos à opinião pública internacional, que vê toda essa confusão com uma mistura de preocupação e perplexidade.

Apesar das duras palavras, o ministro das Relações Exteriores israelense deixou uma porta aberta, uma solução que, segundo ele, ainda é viável. "Ainda não é tarde demais", afirmou, oferecendo uma alternativa que parece razoável à primeira vista. A proposta é que os ativistas descarreguem toda a ajuda que transportam em Israel, Chipre ou "qualquer outro porto da região". A ideia, segundo a versão israelense, é que a carga seja inspecionada por suas autoridades para garantir que nada impróprio entre na Faixa de Gaza e que, uma vez verificada, eles próprios sejam responsáveis ​​por entregá-la ao seu destino pelos canais oficiais. Para Israel, se a intenção for genuinamente humanitária, esta deve ser uma solução aceitável para todos.

Mas é claro que o outro lado vê as coisas de forma muito diferente. Os membros da Flotilha Global Sumud, que já se encontram naquilo que é considerado uma zona de risco, a pouco mais de 160 quilômetros da costa de Gaza, nem sequer consideram voltar atrás. Para eles, o problema não é apenas a falta de ajuda, mas o próprio bloqueio. A sua viagem é um ato de desobediência civil, um desafio direto a uma política que consideram injusta e coletivamente prejudicial à população de Gaza. Concordar em descarregar num porto israelita seria, na sua perspetiva, validar o próprio bloqueio que estão a tentar romper. Seria como ganhar o jogo no papel, mas perdê-lo no campo dos princípios.

Além disso, a situação em alto-mar já está se tornando tensa. Os organizadores da flotilha relataram vários atos de assédio por parte das Forças de Defesa de Israel. Eles falam de navios militares se aproximando demais, comunicações de rádio intimidadoras e vigilância constante com o objetivo de desgastá-los psicologicamente. É um jogo de gato e rato no meio do mar, onde qualquer erro de cálculo ou nervosismo excessivo pode acabar em uma grande confusão. Por enquanto, os ativistas disseram que não interromperão a viagem e que seu compromisso de chegar a Gaza permanece intacto, apesar da pressão e dos riscos óbvios.

Este cenário traz à memória episódios passados, de outras flotilhas que tentaram o mesmo e terminaram em incidentes graves. Ninguém quer que a história se repita, mas as posições parecem irreconciliáveis. De um lado, um Estado defendendo sua segurança e seu direito de controlar suas fronteiras marítimas, vendo esses barcos como uma ameaça potencial e uma manobra política contra eles. Do outro, um grupo de civis de diversas nacionalidades convencidos de que estão realizando uma missão justa e necessária, dispostos a correr grandes riscos por uma causa em que acreditam firmemente. No meio, uma população em Gaza à espera de ajuda que desconhece se chegará, e uma comunidade internacional torcendo para que a tensão não se agrave ainda mais.

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