Lembramos Alberto Castillo, 23 anos após sua morte, o médico que se tornou um ícone do tango argentino.
Vinte e três anos após a morte de Alberto Castillo, revisitamos a vida do médico e cantor que cativou o público com sua voz de favela e carisma único, um ícone indiscutível do tango do River Plate.
Alberto Castillo, o cantor que marcou época com seu estilo inconfundível e paixão pelo tango.
Alberto Castillo, nascido no bairro de Floresta, em Buenos Aires, era muito mais do que um ídolo popular. Sua voz de favela, seu estilo de cantar inconfundível e seu jeito de "cantar com travessura" moldaram gerações. No entanto, por trás do cantor, havia também um ginecologista, formado pela Universidade de La Plata. Essa dualidade o acompanhou por toda a vida, até que a fama prevaleceu sobre a prática.
Ele era o caçula de cinco irmãos, filho de imigrantes italianos. Desde cedo, demonstrou inclinação musical. Embora estudasse violino, sua paixão era cantar. Aos 15 anos, foi descoberto pelo guitarrista Armando Neira e, a partir daí, começou a cantar em bandas sob diversos pseudônimos. Sua família não sabia que ele já se apresentava no rádio e nos palcos. Cumprir a missão da família de se tornar médico era sua prioridade.
Alberto Castillo, o cantor que marcou época com seu estilo inconfundível e paixão pelo tango.
Em 1938, afastou-se temporariamente da música para se dedicar à medicina. No entanto, um ano antes de se formar, voltou a cantar, desta vez com a Orquestra Típica Los Indios, de Ricardo Tanturi. Em 1941, gravou seu primeiro álbum e adotou definitivamente o nome artístico que o consolidaria: Alberto Castillo.
Embora tenha se formado médico em 1942 e aberto seu próprio consultório, seu sucesso no rádio e no palco foi avassalador. "Percebi que as mulheres não vinham para ver o Dr. De Lucca. Elas vinham para ver Castillo", confessou mais tarde, explicando por que abandonou a medicina.
Uruguay al Día relembra como seu estilo foi questionado por governos militares que consideravam sua voz "muito favelada". Essa censura não o deteve. Pelo contrário, reafirmou sua vocação artística. Ao mesmo tempo, ele incorporou candombes como "Charol" e o popular "Siga el baile", que reviveu décadas depois com Los Auténticos Decadentes.
A nível pessoal, casou-se com Ofelia Oneto em 1945, com quem teve três filhos: Alberto Jorge, Viviana Ofelia e Gustavo Alberto. Ele escreveu dezenas de letras e também atuou em filmes. Seu legado inclui títulos como "Así canta Buenos Aires", "Un regalo del cielo" e "Yo soy de la vieja ola".
Alberto Castillo, o cantor que marcou época com seu estilo inconfundível e paixão pelo tango.
Ele faleceu em 2002, aos 87 anos, após sofrer de pneumonia. Sua imagem permanece viva no tango e na memória popular. Como ele mesmo disse: "O tango é um folclore feito de cimento. Se você tirar um raio-X de um portenho, verá que ele é fã de tango até a morte."
Em cada palco, Castillo conquistava algo único: fazia o público reagir aos seus gestos, às suas pausas, às suas entonações. "As pessoas se moviam de acordo com as inflexões da minha voz", costumava dizer. E esse poder, essa conexão, o tornavam inesquecível.
Uruguay al Día homenageia um dos grandes artistas do Rio da Prata, que não só levou o tango ao topo, mas também demonstrou que é possível viver com paixão duas vocações: curar e cantar.