Yamandú Orsi pede fortalecimento da resposta do estado à onda de homicídios.
Ao retornar ao país após participar da Assembleia Geral da ONU , o presidente Yamandú Orsi abordou a preocupante escalada de violência que abalou o Uruguai nos últimos dias. "Devemos redobrar nossos esforços e trabalhar mais", disse ele, visivelmente afetado pelos nove homicídios registrados entre quarta e sexta-feira.
Orsi afirmou que acompanhou de perto as declarações do Ministro do Interior, Carlos Negro, e teve duas conversas com ele durante sua estadia em Nova York. "Compartilho a mesma preocupação e a mesma dor. É uma sociedade que está lutando para reverter isso", afirmou.
Violência juvenil e crime organizado no centro do debate
O presidente enfatizou que muitas das vítimas e agressores são jovens, o que agrava a situação. "Isso nos obriga a olhar além da polícia. Há um componente social, uma fratura que é perceptível em certos bairros", observou.
Nesse sentido, ele lembrou que o Orçamento prevê a contratação de 1.500 novos agentes, dos quais 500 serão alocados ao sistema prisional. Também estão previstos investimentos em tecnologia para fortalecer a resposta do estado.
Orsi voltou de Nova York com uma agenda lotada
Durante sua missão oficial aos Estados Unidos, Orsi participou de reuniões diplomáticas e empresariais, buscando posicionar o Uruguai como destino para investimentos em energia limpa e data centers. Ele também se reuniu com autoridades do futebol para a Copa do Mundo de 2030, onde reafirmou o compromisso do país com o evento.
Sobre as obras do Estádio Centenário, ele foi claro: "Os valores estão fora do alcance do Estado . Algum agente privado terá que assumir esse papel", disse ele, referindo-se às reformas necessárias para sediar a partida de abertura.
Reuniões-chave e posicionamento internacional
Durante sua visita a Nova York, Orsi se reuniu com empreendedores de tecnologia e representantes de organizações multilaterais. O objetivo era claro: atrair investimentos em setores estratégicos como energia renovável, infraestrutura digital e serviços de dados. "O Uruguai tem potencial para ser um polo regional de inovação e sustentabilidade", afirmou o presidente em entrevista coletiva.
O governo retornou "muito satisfeito" com a missão, segundo fontes oficiais, destacando o interesse de empresas americanas em projetos relacionados a data centers e energia limpa. A posição do Uruguai no epicentro dos debates globais sobre desenvolvimento, paz e direitos humanos também foi elogiada.
Copa do Mundo de 2030 e o papel do Estado
Um dos tópicos também na agenda presidencial foi a Copa do Mundo de 2030. Orsi se encontrou com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, e autoridades da FIFA, incluindo Gianni Infantino. A proposta de que Argentina, Paraguai e Uruguai abram o torneio continua firme, com o Estádio Centenário sediando a primeira partida.
No entanto, Orsi foi enfático ao afirmar que o estado não assumirá despesas multimilionárias com reformas. "Infantino nos disse que não iria pedir esforços aos governos. Temos outras prioridades, como hospitais e escolas", explicou. O financiamento terá que vir do setor privado, embora o governo forneça apoio diplomático para garantir que a iniciativa não fracasse.
Uma sociedade que exige respostas
O aumento dos homicídios preocupa não apenas pelo volume, mas também pelo perfil dos envolvidos. Jovens entre 15 e 25 anos aparecem como vítimas ou autores em vários dos casos recentes. Orsi atribui isso a uma combinação de fatores: exclusão social, falta de oportunidades e ascensão do crime organizado em áreas vulneráveis.
“Precisamos trabalhar mais com as crianças, com as famílias, com os bairros. Mais policiais não bastam”, disse o presidente. Ele também insistiu que o fenômeno não é novo, mas se intensificou. “Às vezes há mais, às vezes há menos, mas o problema persiste”, concluiu.