Perciballe testemunhou perante o Parlamento e sugeriu que foi transferido para proteger alguém.
O promotor Ricardo Perciballe compareceu ao Parlamento e reconheceu que sua transferência em 2012 poderia ter sido para evitar o processo contra uma figura de destaque. Parlamentares da oposição buscam esclarecimentos sobre o que consideraram uma revelação implícita.
Aparição de Perciballe reabre suspeitas sobre decisões do Ministério Público em 2012. Foto: Carlos Lebrato/FocoUy
O promotor Ricardo Perciballe sugeriu ao Parlamento que sua transferência em 2012 se deveu à pressão para evitar o processo de uma figura proeminente.
O promotor Ricardo Perciballe compareceu à comissão parlamentar nesta quarta-feira e insinuou uma possível manobra institucional contra ele ocorrida em 2012. Parlamentares dos partidos Colorado e Nacional interpretaram sua transferência naquele momento não como razões administrativas, mas como uma decisão de interromper o andamento de um caso judicial envolvendo uma figura de destaque.
A declaração que gerou a polêmica surgiu de uma pergunta do deputado Gustavo Salle. "Há algum fundamento para dizer que sua transferência foi para evitar o processo contra alguém importante?", perguntou o parlamentar. De acordo com o que o senador colorado Andrés Ojeda leu em uma coletiva de imprensa, Perciballe respondeu: "Há algum fundamento para isso, mas não posso afirmar."
Para Ojeda, a resposta é contundente. "Ele nos pediu para inferir coisas que ele não pode declarar", afirmou o legislador. Em sua opinião, o promotor está limitado por regulamentos que o impedem de tornar públicas certas situações, mas ele levantou um cenário que deve ser investigado minuciosamente.
"As palavras de Perciballe reacenderam as suspeitas sobre manobras políticas no sistema de justiça." Foto de Sofia Torres / FocoUy
Do Partido Nacionalista, o senador Javier García também expressou sua preocupação. Ele sustentou que o Judiciário deve oferecer garantias e transparência, e que o que foi revelado merece uma análise institucional séria. "Quando um promotor admite que houve razões pouco claras para sua transferência, estamos diante de um sinal de alerta", disse ele.
A transferência de Perciballe foi ordenada em 2012 pelo então Procurador-Geral Jorge Díaz. Na época, foi considerada apenas mais uma transferência interna, mas, com o passar do tempo, começaram a surgir dúvidas sobre as reais motivações. A recente declaração no Parlamento reacende essas suspeitas.
“O Parlamento está mais uma vez investigando decisões duvidosas que atormentaram o Ministério Público em 2012.”
A comissão parlamentar está agora avaliando se novos depoimentos serão convocados ou se documentação adicional será solicitada. A breve, porém eloquente, declaração de Perciballe pode marcar o início de uma nova fase na revisão das ações do Ministério Público em anos anteriores.