Fumar depois de superar o câncer de pulmão aumenta significativamente o risco de um segundo tumor.
MADRI, 13 (EUROPA PRESS)
Pacientes com câncer de pulmão tratados com imunoterapia e terapia direcionada apresentaram incidência significativamente menor de desenvolver um segundo câncer primário, de acordo com um estudo liderado pelo Grupo Espanhol de Câncer de Pulmão (GECP). Pacientes com histórico de tabagismo também apresentaram risco 60% maior de desenvolver um segundo tumor, e aqueles que continuaram fumando também apresentaram risco significativamente maior.
O estudo, publicado na quarta-feira no The Lancet, defende o fortalecimento do acompanhamento do câncer e a promoção de intervenções para abordar fatores de risco modificáveis, que são essenciais para otimizar os resultados de longo prazo em sobreviventes de câncer de pulmão.
Este estudo, um dos maiores realizados na Europa, é baseado em dados do Registro Espanhol de Tumores Torácicos (RTT) do GECP e inclui uma análise de 20.574 pacientes diagnosticados com câncer de pulmão entre agosto de 2016 e março de 2023. Todos os participantes haviam se recuperado do câncer de pulmão inicial e estavam em acompanhamento ativo.
Como explica o Dr. Mariano Provencio, presidente do GECP e principal autor do estudo: "Graças aos avanços no tratamento do câncer de pulmão, mais pacientes estão sobrevivendo, mas quando recebem tratamento, eles também correm o risco de desenvolver um segundo tumor primário, uma complicação rara que está se tornando mais importante à medida que as taxas de sobrevivência aumentam."
A IMUNOTERAPIA FOI ASSOCIADA A UMA REDUÇÃO DE 53%
Pesquisadores do GECP acompanharam pacientes por um período médio de três anos (41,2 meses). Durante esse período, o desenvolvimento de um segundo câncer primário foi detectado em 480 pacientes, representando 2,3% do total analisado. A incidência foi maior entre aqueles que receberam quimioterapia, com 2,9% dos casos, em comparação com 2,1% nos pacientes tratados com imunoterapia e 1,5% nos que receberam terapias direcionadas.
A análise estatística também mostrou que a imunoterapia foi associada a uma redução de 53% no risco de desenvolvimento de um segundo tumor, enquanto as terapias direcionadas reduziram esse risco em 30%. "Esses resultados, sem dúvida, apontam para uma potencial vantagem significativa de tratamentos mais inovadores em termos de prevenção a longo prazo", explica o Dr. Provencio.
"CONSEGUIMOS QUE NOSSOS PACIENTES SOBREVIVAM POR MAIS TEMPO"
O estudo também identificou outros fatores que influenciam o desenvolvimento de um segundo câncer. O tabagismo se destaca entre eles: pacientes com histórico de tabagismo apresentaram risco 60% maior, e aqueles que continuaram fumando durante o acompanhamento também apresentaram risco significativamente aumentado.
Para o Dr. Mariano Provencio, este estudo destaca um efeito paradoxal: "É, talvez, o preço do sucesso. Alcançamos taxas de sobrevida mais longas para nossos pacientes, mas enfrentamos efeitos a longo prazo. Isso nos diz que precisamos melhorar o acompanhamento desses pacientes ao longo do tempo e abordar fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, promovendo a cessação."
Para os pesquisadores do GECP, essas descobertas devem ser incorporadas em futuras estratégias clínicas e programas de acompanhamento para sobreviventes de câncer de pulmão, um grupo crescente de pacientes graças aos avanços terapêuticos.